30 de março é o Dia Mundial do Transtorno Bipolar e estimula o esclarecimento sobre a doença.
A alternância entre fases de depressão e euforia é um dos quadros psicopatológicos mais antigos e estudados na área da saúde mental e que provoca diversos campos do saber em busca de respostas. Afinal, o que faz com que uma pessoa seja tomada por sentimentos de onipotência, ideias de grandeza e perda da consciência crítica? E como essa mesma pessoa passa a ser invadida por ideias de ruína, tristeza profunda e sentimentos de inferioridade? Chamar atenção para os sintomas e tratamentos, além de contribuir para a quebra de tabus a respeito da doença é o objetivo do Dia Mundial do Transtorno Bipolar, 30 de março.
Estima-se que cerca de 15 milhões de brasileiros sejam portadores da doença, ou seja, cerca de 8% da população, de acordo com os dados da Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB). Embora os pacientes apresentem sintomas comuns, a moderna psiquiatria aponta para tratamentos individualizados, que levem em conta os fatores desencadeadores do transtorno em cada um. Nesse sentido, a psiquiatria e o tratamento medicamentoso têm papel fundamental no alívio dos sintomas, que podem ter efeitos devastadores para o paciente, e a psicoterapia completa o controle da patologia, com foco nas singularidades que originam as crises, salienta o psicólogo da Holiste e coordenador do Programa de Tratamento do Transtorno Bipolar, Andre Dória.
“Coube à psiquiatria a relevância histórica em descrever, categorizar e sistematizar, por séculos, os sintomas das fases de mania e depressão. À psicanálise, coube a invenção da singularidade no processo do adoecimento psíquico”, destaca Dória. “O estudo da melancolia e da possibilidade de alternância com as fases de mania, abriu espaço para os aspectos psicológicos envolvidos em cada caso, alterando a direção do tratamento: não é a bipolaridade que explica a pessoa, mas a pessoa que explica a sua bipolaridade, a partir da sua experiência individual, que não pode ser reproduzida nem replicada em outra pessoa com o mesmo diagnóstico”, pontua.
Bipolaridades
Com base na perspectiva de que cada paciente apresenta questões individuais, a Holiste lança este mês a websérie “Bipolaridades”. A proposta é, em vez de pensar o transtorno como algo dado, com características imutáveis e padronizadas para todos, compreender que cada processo de adoecimento é único e exclusivo. Serão dez capítulos, cada um deles abordando um ponto diferente do transtorno.
No primeiro episódio, já lançado, André Dória, psicólogo e coordenador do Programa de Tratamento do Transtorno Bipolar da Holiste, esclarece pontos importantes e peculiares sobre o diagnóstico da doença, as principais características desse primeiro momento no qual a pessoa recebe a informação de que possui o transtorno. Os vídeos da série ficam disponíveis no canal da Holiste no YouTube.
“O termo bipolaridades, no plural, diz muito mais respeito ao que é da ordem do particular no adoecimento psíquico”, afirma Dória.
Litiane de Oliveira
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