Gosto muito do por que. Ele é instigante, provocativo, convidativo a reflexões e exigente por requerer uma resposta, uma razão pela qual algo possa fazer sentido, se justificar, ter lógica. É ele que nos permite compreender e sem compreensão não pode haver um movimento de mudança.
Assim sendo, por que devemos ter saúde? Por que saúde é algo bom? Qual a sua utilidade? Para se viver intensa e tão somente os prazeres da vida ou para termos vida? Para assegurarmos a vida? Para sobrevivermos? Na tentativa de encontrar respostas, estas indagações nos remetem a outras questões: Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Ou não vamos mais a lugar nenhum? E depois?
Somos corpos que habitam a alma ou somos almas que habitam em nossos corpos? O que adotarmos como resposta a esta pergunta determinará a nossa concepção de vida e justificará as reflexões sobre o corpo e, ou não, a almae condicionará onosso comportamento em relação a nós mesmos e ao outro.
Filosoficamente, religião está ligada a crenças, ritos e exigências em respeito a regras. É, também, um sistema dogmático que sustenta uma submissão da criatura ao seu criador; requer veneração às coisas sagradas, crença, devoção, prática de preceitos e temor a Deus.
Trazemos a esta construção o termo religiosidade que está ligado a sentimento, vinculação arquetípica a uma divindade, canalização da energia interior ao divino, conexão ou forma de conectar-se a um Deus.
Espiritualidade, por sua vez, está ligada a um modo de viver, a um conjunto de crenças impulsionadoras a se buscar um significado para a vida; a busca de um sentido da existência, de algo maior, de uma força superior, intangível, transcendente à matéria e que pode, até mesmo, manifestar-se no ateísmo.
Percebe-se, a partir do início do século XX, uma redução da influência da religião na vida cotidiana das pessoas. Esse movimento recebe o nome de secularização e explica a recente ênfase sobre o tema espiritualidade, cujas características já estavam presentes nos indivíduos em épocas anteriores, porém de maneira sutil e camuflada em razão de poderem ser confundidas com práticas supersticiosas, feitiçarias e bruxarias que eram punidas pela Igreja Católica, muitas vezes, com a morte.
Até então, a preservação da saúde requeria apenas o tratamento da medicina convencional; atualmente, por efeito da secularização ou laicização, como alguns cientistas preferem chamar aquela movimentação, requer a sua combinação com práticas de terapias complementares e é neste ponto em que a saúde se vincula à espiritualidade.
Compreendido os conceitos de religião, religiosidade, espiritualidade e seu contexto, poderemos trazer a influência da espiritualidade sobre a saúde como nosso próximo tema.