Zoonose. Apesar de pouco divulgada, abarca um rol de doenças causadas por bactérias, vírus, parasitas e fungos, transmitidas pelo contato de animais com seres humanos. Alguns exemplos dessas doenças são: toxoplasmose, infecção respiratória, micose de pele, síndrome da larva e eporotricose.
As pessoas com o sistema imunológico fragilizado têm maior risco de contraí-las. Sendo assim, é importante reforçar os cuidados em bebês, crianças, mulheres grávidas, idosos, pessoas em tratamentos médicos severos ou com algum problema de saúde que levou a sua debilitação.
Cães e gatos, em seus hábitos diários, podem passear pelas praças, brincar com outros animais de estimação e estar em contato com diversos objetos contaminados e transmissores de doenças. Ignorar a possibilidade deles, em algum momento da vida, contraírem algo que desestabilize a sua saúde, torna-se perigoso.
O médico veterinário Aroldo Borges explicou ao Saúde no Ar que assim como o animal, profissionais que lidam diretamente com a terra são mais suscetíveis a contrair uma das zoonoses que tem atingido o Brasil nos últimos meses, a esporotricose-fungo que fica hospedado no solo e provoca lesões na pele-dos gatos e dos humanos.
“A doença não transmite de pessoa a pessoa, mas o animal infectado pode morrer rapidamente, se não houver tratamento imediato”, afirma Aroldo.
Esse fungo gera uma lesão na pele, acompanhada de secreção com difícil cicatrização. Tanto em pessoas quanto no pet, o tratamento inicial é com antifúngicos. “O proprietário do animal pode ficar tranquilo, que seu bichinho de estimação não precisa ser sacrificado”, enfatiza o médico Aroldo Borges.
Além da esporotricose outras doenças são consideradas pelas entidades de saúde como muito perigosas. Uma delas é a raiva, que por não haver com frequência notificação da doença, muita gente deixa de priorizar a vacinação.
Se você cria o animal dentro do apartamento e acha que ele não tem possibilidade de contrair a doença, fique atento, pois pode ter morcegos entrando no ambiente e seu animal ao tentar brincar, ou caçar pode acabar recebendo a transmissão do vírus”, comenta Aroldo.
Ainda de acordo com o especialista, caso apareça morcego morto, os humanos devem chamar o serviço de zoonose da sua localidade e não tentar manipular o mamífero com as mãos, pois o animal pode estar ainda com vida e morder a mão da vítima, transmitindo imediatamente a doença.
A leptospirose também foi comentada por Aroldo. A infecção ocorre com mais frequência em períodos de chuva, pois as fezes e urinas dos ratos se espalham com a correnteza. “As pessoas devem evitar lixo acumulado e não andar descalço em áreas alagadas”, recomenda.
Transmissão e tratamento- De acordo com a Fapesp, ainda não se sabe como o Sporothrix brasiliensis começou a infectar os gatos. Até o aumento no número de casos no Rio de Janeiro, a esporotricose era considerada uma doença muito esporádica e ocupacional, lembra Rodrigues.
Ela é conhecida como a “doença dos jardineiros”, pelo fato de os primeiros casos diagnosticados nos Estados Unidos no fim do século 19 terem sido entre plantadores de rosas. O fungo ocorre naturalmente no solo e sobre a superfície de plantas como a roseira. No caso norte-americano, os pacientes se infectaram ao se arranhar em seus espinhos.
O primeiro diagnóstico de esporotricose animal no Brasil é de 1907, entre ratos naturalmente infectados nos esgotos da cidade de São Paulo – os primeiros casos felinos ocorreram nos anos 1950.
Cartilha do Ministério da Saúde- Desde 2016, foram publicadas normas complementares, por meio do Manual de Vigilância, Prevenção e Controle de Zoonoses: Normas Técnicas e Operacionais, que nortearão as ações e os serviços públicos de saúde para a prevenção, a proteção e a promoção da saúde humana, quando do envolvimento de riscos de transmissão de zoonoses. Veja aqui.
Saiba mais:
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Ouça abaixo o bate-papo completo de Patrícia Tosta com Aroldo Borges, no programa Saúde no Ar: