De acordo com o intérorete de línguas Yanomami, do Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA),em Boa Vista (RR), o tratamento dos pacientes tem aplicado tradições culturais dos povos, incluindo rituais de cura e alimentação típica.
“Nós aqui no hospital respeitamos muito essa prática. Ela é acolhida, a gente prepara o ambiente para que eles possam fazer isso, dentro das condições do hospital”, explica o agente de saúde.
Segundo ele, entre as práticas já incorporadas ao tratamento médico convencional, está o apoio espiritual. “A gente pede que eles encaminhem o rezador de preferência ou xapiri, como na língua yanomami, aquele [xamã] que a pessoa confia, e a gente providencia um momento para que a pessoa possa fazer sua prática de cura tradicional”.
Além disso, em respeito à cultura dos indígenas, a alimentação no HCSA é diferenciada, conforme a preferência de cada etnia. A equipe nutricional adapta o cardápio do paciente, incluindo alimentos como macaxeira, peixe com farinha e frutas regionais.
O hospital tem uma enfermaria específica para receber tanto os indígenas yanomami, como das demais etnias, inclusive com leitos-rede para crianças e acompanhantes.
Administrado pela prefeitura de Boa Vista, o hospital é o único que atende crianças a partir dos 29 dias de vida até 12 anos, 11 meses e 29 dias de idade. A unidade atende pacientes de todo o estado e também recebe pacientes da Guiana e Venezuela.
Balanço mais recente, na última quarta-feira (1º), há 59 indígenas internados no Hospital da Criança. Desses, 49 crianças yanomami e sete estão na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). De acordo com a equipe, em 2022, houve 703 internações de indígenas yanomami no HCSA. Entre as principais causas das internações, estão: diarreia aguda, gastroenterocolite aguda, desnutrição grave, pneumonia, acidente ofídico e malária.
“A maioria dessas crianças vai chegar desnutrida, mas o que traz elas aqui é motivada por outra situação, como uma infecção, uma pneumonia, uma diarreia, uma verminose, algum trauma”, explica o médico Eugênio Patrício, responsável pela unidade de cuidado prolongado do HCSA.
Segundo ele, algumas crianças apresentam quadro grave de desnutrição, e perdem mais da metade do peso ideal. A contaminação por verminoses também é uma constante.
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