Falar sobre sexualidade transita em dois extremos: ou evitamos falar sobre o tema ou falamos a partir de informações generalistas que causam ainda mais equívocos.
Hoje o programa Em Sintonia, reprisa o primeiro episódio do Quadro Vida e Sexualidade, que fala sobre mitos e tabus que nos afastam da sexualidade e como direcionar essa energia a favor da sua saúde e bem estar.
Você tem a oportunidade de refletir sobre os benefícios da sexualidade para a saúde e bem estar.
A entrevista tem apresentação de Patricia Tosta e como convidada, Bel Soares, Terapeuta Transpessoal.
Durante essa conversa entre outros assuntos Bel Soares fala sobre: o conceito e o histórico do tema sexualidade, a diferença entre sexo e sexualidade, porque nos afastamos da sexualidade? Como a sexualidade afeta nossa saúde e bem estar, os s principais conflitos que um casal vive nesse contexto e como viver a sexualidade de forma positiva.
Confira a conversa na íntegra:
Vida e Sexualidade é o mais novo quadro do Programa Em Sintonia, que teve estreia no último em 01/12 tendo como guardiã desse conteúdo, a Terapeuta Bel Soares, conheça um pouco mais sobre ela.
Elisabete Soares do Nascimento – Bel Soares – Terapeuta Transpessoal com abordagem Corporal Bioenergética.Terapeuta Tântrica e Sexualidade Plena.Coach de Relacionamento e SexualidadeTerapeuta de Casal. Há 4 anos atua com Psicoterapia individual nas áreas de relacionamento e sexualidade feminina. Também como atuação para o atendimento de casais. Sua missão é levar às mulheres uma consciência mais ampla sobre a sua sexualidade que foi reprimida e limitada pelo modelo cultural patriarcal vigente. Nos relacionamentos busca ampliar a visão teórica e pratica do casal para os conceitos de intimidade, comunicação positiva e ciclos de vida na relação.
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Os atendimentos podem ser presenciais ou online.
Confira o conteúdo da entrevista na íntegra:
O que é sexualidade – Energia vital que nos permite o sentir, o viver e nos relacionarmos uns com os outros. É a energia que desperta a atração física e afetiva por nós mesmas e pelo outro.
Ato sexual – contato íntimo que movimenta a energia vital (sexualidade) em nosso corpo de forma intensa. O meio mais potente de expandir essa energia.
Para falar de sexualidade e do ato sexual é importante trazermos um breve histórico da humanidade com momentos decisivos na construção de conceitos e normas que influenciam, ou decidem, nossas escolhas até os dias atuais.
Olhando para um período pré-histórico homens e mulheres viviam de forma livre na natureza, interagindo sexualmente uns com os outros sem nenhuma regra de conduta ou limites. A mulher era considerada divina pois seu corpo abrigava dois grandes mistérios: a menstruação (como era possível sangrar por tantos dias e não morrer?) e a gravidez (como esse fenômeno acontecia). Tudo que a humanidade não compreendia era considerado divino e misterioso.
Ao observar os animais, esse mistério foi aos poucos desvendado e o homem toma conhecimento da relação entre ato sexual e procriação. Quando avançamos para o período de origem do conceito de propriedade privada, cultivo e heranças, o corpo da mulher passa a ser privado e exclusivo a um único homem, e o sexo passa a ter a finalidade e obrigatoriedade com foco em aumento da família para defesa do território. Avançamos para o período de guerras e colonização e o homem consolida sua relação de poder social através da força física, à mulher cabe a procriação e cuidados da casa e dos filhos. Aliado a isso a religião se estabelece também como uma forma de poder, e no caso do perfil ocidental, cria regras de moral e conduta contra as quais não se pode questionar sob pena de ir para o inferno. O sexo passa então a ser proibido, sujo e demonizado.
A sexualidade e o prazer sexual só passam a ser foco de estudo no século XIX, e em 1960 com o surgimento da pílula anticoncepcional temos um grande marco na separação entre o ato sexual com objetivo de procriação e o ato sexual como busca pelo prazer. Nasce também os movimentos feministas reforçando lutas anteriores por mais direitos da mulher e em 1970 o movimento hippie traz uma abertura de questionamentos sobre as proibições e conceitos de sexualidade e relacionamentos.
Estamos em 2022 e muitos desses conceitos ainda permeiam nossa cultura, avançamos em direitos e liberdade de expressão da nossa sexualidade, no entanto o baixo nível de educação sexual se reflete em relações disfuncionais em todas as fases da vida. Seja na relação do indivíduo com seu próprio corpo e prazer como nas relações afetivas.
Por que nos afastamos da nossa própria intimidade
Por mais que algumas conquistas já tenham sido realizadas, o assunto sexo ainda é um tabu. Parte disso está no fato de que os conceitos do sexo estabelecidos a partir de uma moral repressora e limitante ainda compõe e base da orientação sexual que recebemos na infância.
Estamos repetindo padrões desatualizados e precisamos avançar o debate da educação sexual desde a infância. Educação sexual nada tem a ver com estimular crianças a práticas inadequadas, e sim, ensiná-las sobre seu corpo e desenvolvimento natural como forma inclusive de ajuda-la a se proteger de crimes como abusos e estupros que ainda são uma triste realidade em nossa sociedade.
Como a sexualidade afeta a saúde e o bem-estar – estar com a sexualidade em equilíbrio envolve cuidados físicos, energéticos e espirituais. A sexualidade bem vivida se reflete na produção hormonal, no nível de estresse, na qualidade do sono, nível de irritabilidade, autoestima, autoimagem, desempenho profissional e relações afetivas. Muito se fala em cuidados com a saúde no campo do corpo físico, mas precisamos ampliar nosso olhar e nossa rotina de autocuidado porque somos seres holísticos.
Meditação (dos mais diversos tipos), dança, atividades em contato com a natureza e práticas de estudos em grupos sobre assuntos que despertam o interessa são formas de trabalhar nossa sexualidade.
Conflitos no relacionamento
O maior problema enfrentado por casais é a diferença de níveis de desejo sexual. É comum mulheres exaustas e desanimadas com o sexo por se sentirem cobradas e pressionadas a viver o sexo para atender ao ritmo do parceiro. Vamos começar desconstruindo o mito de que homem tem mais desejo sexual que mulheres, ambos possuem o corpo disponível para o desejo, mas temos uma construção social que reprime, julga e condena o prazer feminino desde muito cedo e os homens sempre tiveram o aval social para viver o sexo de forma mais livre. Somos uma sociedade permissiva com o desejo masculino e repressora do desejo feminino, então claro, tudo aquilo que é permitido socialmente será mais explícito. Mas no contexto do desejo nós teremos os elementos fisiológicos (condições de saúde), hormônios onde as mulheres tem um forte impacto desde cedo em seus corpos através dos métodos anticoncepcionais – temos os fatores emocionais que envolve a rotina fora da cama: como a autoestima, a comunicação na relação, a divisão de tarefas domésticas, o tempo de lazer, o tempo de qualidade para estar apenas o casal. Um momento de dificuldade profissional, o endividamento, tudo isso são fatores que prejudicam o desejo, é igual para todos? Não! Cada pessoa vai vivenciar esses aspectos de uma forma diferente e o sexo será um reflexo dessa interação.
Precisamos também respeitar os ciclos. A vida sexual de cada pessoa e do casal possui um ciclo, quando nos fixamos em querer que tudo seja do mesmo jeito que um dia foi geramos desgaste e sofrimento. A sabedoria é saber navegar nestes ciclos com abertura de novas possibilidades que possam contribuir de forma positiva para todos.
Por fim, para viver a sexualidade positiva é fundamental buscar orientação adequada, respeitar sua individualidade, observar os ciclos de vida para não tentar aderir a modelos idealizados que não estão alinhados com a sua vida e não acreditar em fórmulas mágicas para problemas complexos.
O amor é uma energia divina que nos conecta em todas as relações, capaz de sobrepor desafios da vida cotidiana. Basta que ambos estejam abertos e receptivos a novas ideias e possibilidades e comprometidos com a construção de uma vida potente de amor e prazer.
O programa Em Sintonia acontece de Segunda à sexta das 9 às 10h, pela Rádio Excelsior AM 840. Ouça pelo site da Rádio Excelsior da Bahia.
Participação ao vivo pelo WhatsApp: (71) 9-9657-3998.
Fonte: Bel Soares
Imagens: arquivo pessoal/divulgação
Redação: Saúde no ar