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Tuberculose: Doença que mais mata

Nos últimos anos, vem se evidenciando uma queda no número de casos de tuberculose na Bahia, mas a incidência ainda é grande. O estado ocupa o 4° lugar no ranking nacional do número de casos notificados no país. Entre os 22 países de alta carga (número absoluto de casos de tuberculose), o Brasil se encontra na 18ª posição.

A doença infecciosa já superou a Aids como a maior causadora de mortes no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Cerca de 1,5 milhão de pessoas morreram em decorrência da doença em 2014, de acordo com relatório da OMS. O vírus HIV levou a óbito aproximadamente 1,2 milhão de pessoas no mesmo ano.

No Brasil, o Instituto Brasileiro para Investigação da Tuberculose (IBIT), unidade da Fundação José Silveira (FJS), é referência no combate à doença. O IBIT registrou, em 2014, um índice de cura parcial de pacientes de 87,7% e taxa de abandono de tratamento de 1,3%, enquanto o Ministério da Saúde preconiza índices de, pelo menos, 85% e 5%, respectivamente. O volume de atendimentos realizados na unidade representa 13% dos casos da doença em Salvador.

Na Bahia, entre os anos de 2011 e 2016, foram confirmados e notificados 24.856 casos, sendo que apenas este ano, já foram registrados 641 casos da doença. A capital baiana registrou até o momento 259 casos em 2016. Nos 10 municípios prioritários, incluindo Salvador, ocorreram 55,1% (2.664) casos de tuberculose, revelando taxas de incidência acima da média encontrada para todo o estado.

A doença não se distribui uniformemente na Bahia, apresentando no período de 2006 a 2013 alguns conglomerados persistentes da RMS, na região litorânea Sul e Extremo Sul, se estendendo até o Sudoeste, região onde se concentram a maioria da população e os municípios com as melhores condições sociais e econômicas da Bahia. Nos municípios prioritários, se encontra a maior parte das populações vulneráveis, dentre elas, a população indígena e a população em situação de rua.

A situação desfavorável da tuberculose na Bahia tem causas específicas: o nível de pobreza da população é um dos fatores de risco, já que a tuberculose se desenvolve em pessoas com maior vulnerabilidade. A bactéria pode ficar alojada durante anos em qualquer parte do corpo, como cérebro, meninge, rins, intestinos, coração, ossos, etc, apenas à espera de uma queda no sistema imune para voltar a multiplicar-se.

Outro fator a ser considerado é a insuficiência de serviços de detecção, diagnóstico e tratamento até a cura da doença. Em todo o estado, é necessário expandir a rede de atenção básica e ampliar o acesso aos laboratórios que realizem baciloscopia para o diagnóstico. Em alguns municípios, há carência de coletores e até de raios-X.  O abandono ou descontinuidade do tratamento e a não realização do Tratamento Diretamente Observado (TDO) agravam ainda mais o problema.

O desafio também passa pela questão social e a necessidade de ampliação de benefícios para pacientes e seus familiares como incentivo à adesão ao tratamento e apoio a superação das barreiras de acesso. Por fim, diante da complexidade do problema, faz-se necessária a criação de políticas públicas interssetoriais e articuladas das várias instâncias: Saúde, Assistência Social, Educação, etc, em cada município, em cada estado, para o bem do país.

Saiba mais sobre a tuberculose

A tuberculose é uma doença infecto-contagiosa causada por uma bactéria que afeta principalmente os pulmões, mas também pode ocorrer em outros órgãos do corpo, como ossos, rins e meninges (membranas que envolvem o cérebro). A tuberculose no geral é causada por uma infecção por Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch (BK). Outras espécies de micobactérias também podem causar a tuberculose. São elas: Mycobacterium bovis, africanum e microti.

A transmissão da tuberculose é direta, de pessoa a pessoa, portanto, a aglomeração de pessoas é o principal fator de transmissão. A pessoa com tuberculose expele, ao falar, espirrar ou tossir, pequenas gotas de saliva que contêm o agente infeccioso e podem ser aspiradas por outro indivíduo contaminando-o. Má alimentação, falta de higiene, tabagismo, alcoolismo ou qualquer outro fator que gere baixa resistência orgânica, também favorece o estabelecimento da tuberculose.

Para prevenir a tuberculose é necessário imunizar as crianças com a vacina BCG. Crianças soropositivas ou recém-nascidas que apresentam sinais ou sintomas de Aids não devem receber a vacina. A prevenção da tuberculose inclui evitar aglomerações, especialmente em ambientes fechados, e não utilizar objetos de pessoas contaminadas.

Fonte: Sesab/DIS/SINAN/IBIT

Redação Saúde no Ar*

Ana Paula Nobre/Patrícia Tosta

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