De acordo com dados divulgados pelo governo da Tanzânia, o país registra apenas 509 casos com 21 óbitos. Contudo, na realidade o país não publica dados referente a pandemia há meses; segundo o governo, o local está “livre da covid-19”.
Reportagem especial da BBC Brasil, traçou a como a Tanzânia tem se comportando diante da pandemia. Segundo reportagem, existem poucos testes e nenhum plano para um programa de vacinação no país da África Oriental. Dessa forma, é quase impossível avaliar a verdadeira extensão do vírus e apenas um pequeno número de pessoas tem permissão oficial para falar sobre o assunto.
Por conta das incertezas sobre a covid-19 que cercam o país; o Reino Unido proibiu a entrada de passageiros que chegariam da Tanzânia, e os EUA alertaram contra a ida ao país em decorrência da doença.
Vacina
Em junho de 2020, o presidente John Magufuli declarou o país “livre da covid-19”; além disso, juntamente com outros altos funcionários do governo, zombou da eficácia das máscaras, duvidou que os testes funcionassem e zombou dos países vizinhos que impuseram medidas para controlar a disseminação do vírus.
Mesmo sem evidências, Magufuli disse, que as vacinas contra a covid-19 podem ser prejudiciais e, em vez disso, tem instado os tanzanianos a usar inalação de vapor e medicamentos fitoterápicos. Contudo, nenhum deles recebeu a aprovação da Organização Mundial da Saúde (OMS) como tratamento.
Por outro lado, a OMS discorda. “As vacinas funcionam e encorajo o governo [da Tanzânia] a se preparar para uma campanha de vacinação da covid”, disse Matshidiso Moeti, diretor da OMS para a África, acrescentando que a organização está pronta para apoiar o país.
De acordo com decisão, apenas o presidente e três outros altos funcionários podem dar informações sobre covid-19 no país. Contudo, lideres da Igreja Católica no país quebraram o silêncio e alertaram a população para seguir medidas de saúde para conter a propagação do vírus.
“A covid não acabou, a covid ainda está aqui. Não vamos ser imprudentes, precisamos nos proteger, lavar as mãos com água e sabão. Também temos que voltar a usar máscaras”, disse o bispo de Dar es Salaam, Yuda Thadei Ruwaichi.
Uso de Mascaras
Ainda assim, houve momentos em que o governo não estava em total negação, sobre a existência do vírus no país.
Em janeiro, dias depois que a Dinamarca informou que dois de seus cidadãos que visitaram a Tanzânia tinham testado positivo para a variante sul-africana mais transmissível do vírus, Magufuli culpou os tanzanianos que viajam para o exterior por “importar uma nova estranha corona”.
Contudo, mesmo após visitar dois hospitais, o professor Mabula Mchembe, secretário permanente do Ministério da Saúde, disse que os pacientes com problemas respiratórios sofriam de hipertensão, insuficiência renal ou asma, em vez de coronavírus.
Veja também: Senado proíbe fechamento de hospitais de campanha