Pesquisadores da Unifesp, comemoram avanço nas pesquisas para um cura para a imunodeficiência humana (HIV), a pesquisa aponta que a cura para aids, está mais perto do que se imagina. Esse é o primeiro estudo em escala global a testar um supertratamento em indivíduos cronicamente infectados pelo vírus, de acordo com o infectologista Ricardo Sobhie Diaz, que coordena a atividade científica em questão e é uma das referências mundiais no assunto.
Diaz e a equipe de pesquisadores, vem trabalhando em duas frentes para a cura da doença. Uma delas utiliza medicamentos e substâncias que matam o vírus no momento da replicação e eliminam as células em que o HIV fica adormecido (latência); a outra desenvolve uma vacina que leva o sistema imunológico a reagir e eliminar as células infectadas nas quais o fármaco não é capaz de chegar. Participaram dessa pesquisa 30 voluntários com carga viral indetectável, sob tratamento padrão, conforme o que é atualmente preconizado: a combinação de três tipos de antirretrovirais, mais conhecida como “coquetel”. Os voluntários foram divididos em seis subgrupos, recebendo cada um deles diferentes combinações de remédios, além do próprio “coquetel”. Em entrevista, o pesquisador conta que um dos voluntários que convivia com o vírus a 7 anos, está sem dar sinais da doença a nove meses.
O infectologista explica que os testes in vitro, in vivo (em animais) e, agora, em humanos confirmam que a nicotinamida é mais eficiente contra a latência quando comparada ao potencial de dois medicamentos administrados para esse fim e testados conjuntamente. No entanto, apesar da descoberta dessas substâncias (a nicotinamida e a auranofina) para a redução expressiva da carga viral, ainda seria preciso algo estratégico que ajudasse a imunidade do paciente contra o vírus. Dessa forma, os pesquisadores desenvolveram uma vacina de células dendríticas, que conseguiu ensinar o organismo do paciente a encontrar as células infectadas e destruir uma a uma, eliminando completamente o vírus HIV.
Aids no mundo
Apesar da evolução no tratamento com antirretrovirais e das campanhas preventivas, os números atuais sobre a doença apontam que a aids ainda é um grave problema de saúde pública global. Dados do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) mostram que 36,7 milhões de pessoas em todo o mundo viviam com HIV em 2016 e quase dois milhões seriam infectados no mesmo ano.
Desde o início da epidemia, ocorrida na década de 1980, cerca de 35 milhões de indivíduos perderam a vida por causas relacionadas à aids. No Brasil, o Ministério da Saúde (MS) contabilizou, até junho de 2016, quase 843 mil casos da doença, cuja maioria era constituída por homens (65,1%); o país é o que mais concentra novos casos de infecções (49%) na América Latina, segundo a Unaids. Um terço das novas infecções ocorre em jovens de 15 a 24 anos.