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Superbactérias poderão matar até 10 milhões por ano

Atualmente as infecções de superbactérias, associadas a doenças como a tuberculose, matam cerca de 700 mil pessoas por ano ao redor do mundo, ao passo que cânceres matam 8,2 milhões. De acordo com as projeções do estudo de Jim O’Neill, um dos representantes da delegação britânica que esteve no país esta semana para pedir ao governo apoio para a ação internacional de combate às infecções resistentes aos medicamentos, as mortes anuais relacionadas a casos de doenças resistentes a antibióticos poderão chegar, em 2050, a 4,7 milhões na Ásia, 4,1 na África e 392 mil na América Latina.

Para a pesquisadora Sally Davies, também membro da delegação,  o problema das superbactérias- bactérias resistentes a medicamentos antibióticos usados de forma indiscriminada em alguns países- é global. Ela elogiou a política brasileira de restrição: “Fiquei impressionada que com o fato de vocês, em 2011, terem introduzido a obrigatoriedade de prescrição médica para o uso do antibiótico. Poucos países do mundo fazem isso", destacou a pesquisadora.

De fato, após a regulamentação, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária ( Anvisa),que coordena a fiscalização das farmácias e drogarias no país, realizada por vigilâncias sanitárias de estados e municípios, houve queda de 10% na comercialização destes medicamentos no período de 2011 a 2013.  Dados da Anvisa demonstraram também a  diminuição da automedicação e o aumento do uso racional de antimicrobianos, além de redução dos casos de resistência bacteriana. Isso foi possível a partir do monitoramento sanitário e farmacoepidemiológico do consumo de antimicrobianos na comunidade  e o fortalecimento da “conscientização” da população sobre a necessidade de consumir medicamentos por meio de orientação de profissional habilitado.

Alerta às autoridades

A delegação britânica se encontrou nesta quarta-feira (07.10) com o ministro da Saúde, Marcelo Castro, para apresentar estudos que chamam a atenção aos problemas relacionados à resistência antimicrobiana. Os pesquisadores, que estão no Brasil desde a segunda-feira (05.10), participaram de encontros com representantes do Governo Federal e governo do Estado do Rio de Janeiro, além de outras instituições como Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Fundação Getúlio Vargas.

O objetivo da visita, conforme divulgado pela Agência Saúde, foi a de alertar autoridades, empresas farmacêuticas e produtores do setor agrícola-pecuário sobre os riscos associados ao aparecimento, à propagação e à contenção da resistência aos medicamentos. A visita também tem como finalidade conhecer o que é feito no Brasil em termos de pesquisa e de políticas públicas para enfrentar este problema.

Mortes evitáveis

De acordo com os estudos apresentados pelos pesquisadores britânicos, caso não sejam tomadas medidas, as infecções provenientes de resistência a medicamentos poderão matar, pelo menos, 10 milhões de pessoas anualmente, até 2050. Isso significará um custo estimado 100 trilhões de dólares na economia mundial. Até 2016, o especialista e sua equipe recomendarão um pacote de ações para enfrentar a ameaça crescente da resistência antimicrobiana, sendo que um dos objetivos da missão foi pedir apoio ao governo brasileiro a essa ação.  

Para o coordenador da pesquisa, encomendada pelo governo britânico para apurar o custo humano e financeiro dos riscos de infecções resistentes a medicamentos, Jim O’Neill, “o Brasil pode desempenhar um papel global de liderança, ao incluir a resistência antimicrobiana como tópico relevante de discussão em reuniões do G20, e na Assembleia Geral da ONU. “Quero conhecer lideranças nacionais para entender como o país pode colaborar no desenvolvimento de novas drogas e métodos de diagnóstico”, afirma O’Neill.

O’ Neill afirmou ainda que consumir medicamentos de forma inadequada ou usá-lo de forma irracional pode causar dependência, resistência a antibióticos, reações adversas, intoxicação e até a morte. Além disso, a combinação errada de medicamentos também oferece riscos à saúde. A automedicação pode também levar ao agravamento da doença, já que a utilização de medicamentos sem a informação adequada pode esconder determinados sintomas e fazer com que a doença evolua de forma mais grave.

 

*Redação Portal Saúde no Ar

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Jorge Roriz

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