A morte de três pessoas por suspeita de infecção por duas superbactérias fez cm que o HRT (Hospital Regional de Taguatinga), no Distrito Federal, um dos principais hospitais públicos da região, fechasse parcialmente a sua emergência por conta da suspeita de contaminação.
As mortes ocorreram entre a manhã de domingo (31.05) e a madrugada desta segunda-feira (01.06), segundo a Secretaria de Saúde do DF. A notícia foi veiculada pelo jornal Folha de São Paulo, segundo o qual as vítimas eram mulheres entre 70 e 80 anos –duas delas foram diagnosticadas com enterococo e uma com KPC ( bactéria que pode ser encontrada em fezes, na água, no solo e frutas, cuja transmissão ocorre através do contato com secreções do paciente), ambas bactérias consideradas resistentes a alguns antibióticos.
Enterococos são patógenos oportunistas reconhecidos como causa importante de infecções hospitalares, destacando-se as endocardites e as infecções do trato urinário e de feridas cirúrgicas. A terapêutica destas infecções tem se mostrado limitada, uma vez que os enterococos vêm adquirindo resistência a vários antimicrobianos, como a ampicilina, os aminoglicosídios e, notadamente, os glicopetídios vancomicina e teicoplanina – neste caso os denominados “enterococos resistentes à vancomicina” ou ERVs . A bactéria,em forma de coco, é habitante do intestino do homem, agente causador e ventual de endocardite bacteriana, infecções intestinais e infecções urinárias.
Outros cinco pacientes também tiveram exames positivos para enterococo, enquanto eram atendidos e foram isolados em outra área do hospital.
A suspeita de contaminação fez com que o hospital fechasse a sua emergência parcialmente na quinta-feira (28.05) e pacientes que procuram atendimento nas áreas de cardiologia, clínica médica, ortopedia e cirurgia geral estão sendo transferidos ou orientados a procurar outros hospitais.
Ao todo, o HRT atende cerca de 400 pacientes diariamente no pronto-socorro. De acordo com a secretaria de Saúde, o local passa por limpeza para desinfecção. A previsão é que a área fosse reaberta para atendimento até o fim da tarde desta terça-feira (02).
Em declaração ao jornal, o infectologista Manuel Palácios, que acompanha o caso, disse que ainda não é possível afirmar se as mortes estão relacionadas às duas bactérias, uma vez que as três pacientes apresentavam outros problemas de saúde–uma delas chegou ao hospital após uma fratura grave no fêmur. As demais tinham quadros de hipertensão, insuficiência renal, falta de ar, entre outros.
Para a coordenadora de infectologia no governo do DF, Maria de Lourdes Lopes, situações como o uso indiscriminado de antibióticos e a baixa imunidade podem tornar multirresistentes bactérias como o enterococo. A transmissão ocorre por meio do contato com a pessoa infectada.
A.V.
