Sociedade de Pediatria de São Paulo faz alerta sobre uso de bebidas alcoólicas na gravidez

A Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) é irreversível e pode causar sérios danos à saúde da criança, alerta a Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP). A campanha que recebe apoio de artistas e esportistas que se juntaram à causa, com objetivo de chamar a atenção da população sobre os riscos do consumo de bebidas alcoólicas durante a gestação.

O movimento tem por objetivo chamar a atenção da população sobre os malefícios da exposição pré-natal a qualquer tipo e quantidade de bebida alcoólica – evidências médicas demonstram que um só gole pode acarretar problemas graves e irreversíveis ao bebê. São distúrbios que, revelados logo ao nascimento ou mais tardiamente, perpetuam-se pelo resto da vida, acarretando prejuízos físicos, psicológicos e ao sistema nervoso central.

De acordo com a Dra. Conceição Aparecida de Mattos Segre, coordenadora do Grupo de Estudos sobre os Efeitos do Álcool na Gravidez, no Feto e no Recém-nascido da SPSP, a campanha visa garantir qualidade de vida para as crianças.“Temos percebido que poucas pessoas conhecem os efeitos do álcool sobre a gestante, feto e recém-nascido. Ingerir bebidas alcoólicas na gravidez é uma sentença condenatória”, comenta.  Segundo o Dr. Mário Roberto Hirschheimer, presidente da SPSP, a SAF é um problema que afeta toda a sociedade, não só na área de saúde, mas também na de segurança, por poder se manifestar como comportamento desequilibrado e, por vezes, agressivo.

Sobre a Síndrome Alcoólica Fetal– A Síndrome apresenta diversas manifestações, desde malformações congênitas faciais (dismorfias), cardíacas, renais e neurológicas, a alterações comportamentais. No mundo, a cada mil nascidos vivos, de um a três nascem com a SAF.

No decorrer do desenvolvimento, os pacientes com a Síndrome podem apresentar retardo mental, problemas motores, de aprendizagem, memória, transtorno do déficit de atenção, entre outros. Adolescentes e adultos demonstram problemas de saúde mental em 95% dos casos, como pendências com a lei e comportamento sexual inadequado.

A SAF acomete uma criança de forma completa ou incompleta. Quando completa, o recém-nascido tem sinais faciais, como pálpebras pequenas, lábio superior muito fino, nariz com base achatada, entre outros, além dos problemas mentais e psíquicos. Quando de forma incompleta, as características faciais não existem, mas há sequelas como retardo mental, problemas de aprendizagem etc..

Diagnóstico e tratamento– Ainda de acordo com a dra. Conceição, o diagnóstico é dado, na maioria dos casos, somente depois do nascimento. “O pior é que para cada criança que tem a SAF completa, pelo menos dez tem a incompleta, ou seja, não tem os sinais faciais, mas tem os problemas, que só aparecem anos mais tarde, quando ela vai para a escola”, salienta.

Vale lembrar que os efeitos do álcool ocasionados pela ingestão materna de bebidas alcoólicas durante a gestação não têm cura. Porém, o diagnóstico precoce da doença e a instituição de tratamento multidisciplinar ainda na primeira infância podem abrandar suas manifestações. O que não significa que todos os bebês expostos serão afetados, mas a probabilidade é alta.

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