Das 1.537 vagas disponíveis do programa Mais Médicos, que visa levar profissionais ao interior do país, apenas 400 foram ocupadas, o que significa 26% do total. A expansão de vagas de residência em medicina da família tem esbarrado na baixa adesão dos estudantes o que vem preocupando o Ministério da Educação, segundo o qual só uma em cada quatro vagas da especialidade, cujo foco de ações são os cuidados básicos em saúde, é ocupada.
O percentual de 26% têm se mantido estável nos últimos anos e em algumas regiões, como o Nordeste, esse índice é ainda menor: apenas 17% de ocupação. Mesmo assim, o governo federal anunciou neste mês mais 2.250 vagas na área e justifica esse aumento afirmando que a expansão é necessária porque, a partir de 2019 a especialidade será pré-requisito para a grande maioria das residências, que passam a ter o início do curso focado em medicina da família.
Atualmente, há no país cerca de 3.200 médicos da família. Segundo a lei do Mais Médicos, só após ter cursado a especialidade, o aluno poderá passar para a área em que deseja atuar. A medida é considerada uma forma de forçar o aumento desses profissionais no país.
Esse profissional terá a tarefa de acompanhar a saúde de um bairro ou comunidade, atendendo de crianças a idosos. O objetivo é prevenir doenças graves e encaminhar para especialistas –como cardiologista ou neurologista.
As entidades médicas, entretanto vêem a medida com ressalvas, pois temem que a medida traga impacto negativo para a especialidade e demais residências. “Se hoje já tem ocupação de apenas 26%, é porque há algo errado”, diz Arthur Danila, presidente da Associação Nacional de Médicos Residentes. Segundo ele, sem estrutura adequada, a nova residência corre o risco de se tornar “um péssimo cartão de visitas” para o médico.
Para Diogo Sampaio, da Associação Médica Brasileira, a residência integrada a outras áreas pode fazer com que quem atuaria em medicina da família deixe a especialidade. “Vamos perder o pouco que já formamos por ser só um pré-requisito”, afirma.
Em geral, a medicina de família é considerada menos atrativa. Pesam os baixos salários e a falta de opções no mercado, que costuma ser restrito à rede pública e a projetos de planos de saúde.
Da redação
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