Os espiritualistas acreditam que os santos trazem ao redor da cabeça uma aura de luz e que as pessoas comuns têm uma aura cuja cor tem a ver com a sua personalidade, mas que pode mudar a depender de como ela se sinta. Mas, isso não é tudo: segundo os cientistas nós temos também uma “nuvem personalizada” de micróbios, que nos individualiza e torna possível a identificação de quem somos.
O estudo liderado por pesquisadores da Universidade do Oregon, nos Estados Unidos, foi publicado nesta terça (22.09), na revista científica Peerj. Para testar até que ponto seres humanos possuem uma assinatura própria em suas nuvens de micróbios, os cientistas realizaram um experimento de sequenciamento genético dos micróbios suspenso no ar em torno de 11 pessoas diferentes.
Conforme a reportagem, os voluntários foram colocados em câmaras experimentais higienizadas e, a partir do exame dos micróbios coletados no ar, os pesquisadores puderam identificar a maior parte deles a partir de suas combinações pessoais de bactérias.
Os micróbios que permitiram identificar os indivíduos são bactérias extremamente comuns – como a Streptococcus, normalmente encontrada na boca, a Propionibacterium e a Corynebacterium, ambas abundantes na pele humana.
Porém, ainda que todos os micróbios tenham sido detectados em torno de todos os voluntários do estudo, os autores descobriram que diferentes combinações das bactérias permitiam distinguir indivíduos.
James Meadow, pós-doutorando da Universidade do Oregon, e principal autor do estudo, disse que embora esperassem detectar o conjunto de micróbios no ar em torno de uma pessoa, os cientistas se surpreenderam ao descobrir que podiam identificar a maior parte dos ocupantes das câmaras unicamente a partir de amostras de suas “nuvens de micróbios”.
“Nossos resultados confirmam que um espaço ocupado é microbioticamente distinto de um espaço desocupado. Demonstramos também pela primeira vez que indivíduos emitem sua própria nuvem de micróbios personalizada”, afirmou Meadow.
“Aura” de micróbios.
Durante o experimento, os voluntários receberam roupas limpas e foram isolados em uma câmara estéril, onde ficaram sentados em uma cadeira de plástico desinfetada por até quatro horas. As amostras das bactérias emitidas pelos indivíduos foi feita a partir de material coletado em placas de Petri – pequenos pratos de vidro usados em laboratório para culturas de bactérias – deixadas na câmara e em filtros de ar especiais.
Segundo Meadow, o exame do material deixou claro que cada voluntário emitiu milhões e milhões de micróbios pela respiração, pela pele e provavelmente pelo suor. Os cientistas verificaram que a combinação de bactérias de cada indivíduo era totalmente distinta.
O estudo, segundo os autores, ajuda a compreender até que ponto as pessoas emitem sua população específica de micróbios no ambiente ao redor e pode ajudar a entender os mecanismos envolvidos no alastramento de doenças infecciosas em prédios.
A descoberta pode ter também, de acordo com os autores, aplicações forenses como determinar onde uma pessoa esteve, embora ainda não tenha ficado claro se indivíduos podem ser detectados em um grupo com muitas pessoas.
Fonte:Estadão
A.V.