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Senado pode aprovar projeto que libera cigarros eletrônicos e coloca saúde pública em risco

The face of vaping young man on black studio background

*Rubens De Fraga Júnior

A regulamentação para liberar a produção, o uso, o comércio e a publicidade dos cigarros eletrônicos poderá ser aprovada no Senado Federal nesta terça-feira, 20 de agosto, o que configura uma severa ameaça à saúde pública no Brasil. Apoiadores deste perigoso projeto de lei defendem a arrecadação tributária como principal benefício da proposta, mas ignoram os incalculáveis custos que esta liberação fatalmente trará ao Sistema Único de Saúde (SUS) com o aumento nas doenças causadas por tais dispositivos.

Além disso, há outro importante impacto econômico a ser considerado com a liberação dos cigarros eletrônicos. Cidadãos e cidadãs doentes trabalham menos e isso em grande escala pode ter um efeito negativo para a economia do país. Com tantas fragilidades no argumento econômico para defender o projeto de lei, a discussão chega a ser absurda no quesito saúde.

Nos cigarros eletrônicos, a nicotina aparece de forma líquida, com solventes, milhares de tipos de flavorizantes, aromatizantes e substâncias que visam produzir um vapor mais suave. Foram identificadas centenas de substâncias, muitas das quais tóxicas e cancerígenas. Causam problemas respiratórios e apresentam risco cardíaco semelhante ao do uso diário de cigarros convencionais.

A utilização destes dispositivos leva ao aumento da iniciação de crianças e jovens ao uso de cigarros tradicionais. O número de usuários dos chamados vapes mais do que quadruplicou no Brasil em quatro anos. Passou de 500 mil em 2018 para 2,2 milhões em 2022. A liberação dos cigarros eletrônicos pode colocar a perder uma importante redução que o Brasil alcançou nos últimos 30 anos: o número de fumantes que era de 35% da população adulta, chegou a 9%.

Por todos esses motivos, a Associação Médica Brasileira (AMB) emitiu uma nota reiterando ser favorável a manutenção da proibição do comércio de cigarros eletrônicos, estabelecida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal precisa avaliar o assunto além da arrecadação fiscal que as mudanças na regulação podem gerar. É perigoso aceitarmos a liberação de produtos nocivos à saúde, pois as consequências podem ser alarmantes. A saúde deve estar sempre em primeiro lugar.

*Rubens De Fraga Júnior é preceptor da disciplina de gerontologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (Fempar). Médico especialista em geriatria e gerontologia pela SBGG. Editor do Resenhas em Gerontologia.

 

*O conteúdo dos artigos assinados não representa necessariamente a opinião do Mackenzie.

Sobre a Faculdade Evangélica Mackenzie

A Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (Fempar) possui 55 anos de tradição no curso de Medicina. Faz parte do seleto grupo de escolas de saúde acreditadas no Brasil. Sob gestão do Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM) desde 2019, conta com estrutura avançada, novas tecnologias, modernos laboratórios e campo de estágios no Hospital Universitário Evangélico Mackenzie (HUEM), que é o maior prestador SUS do estado do Paraná e conta com todas as linhas de cuidado, até a alta complexidade.

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