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SEGURANÇA DO PACIENTE

São crescentes as iniciativas para a promoção da segurança e da qualidade na assistência à saúde em âmbito mundial, com envolvimento da alta direção das instituições até seus colaboradores. Como consequência, a meta de qualidade nos diversos serviços oferecidos à sociedade implica a otimização dos resultados.

A Segurança do Paciente é um dos seis atributos da qualidade do cuidado e tem adquirido, em todo o mundo, grande importância para os pacientes, famílias, gestores e profissionais de saúde com a finalidade de oferecer uma assistência segura.  Segurança do Paciente envolve ações promovidas pelas instituições de saúde para reduzir a um mínimo aceitável, o risco de dano desnecessário associado ao cuidado de saúde.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) prioriza dois desafios globais na área de Segurança do Paciente: reduzir a infecção associada ao cuidado em saúde, por meio de campanha de higienização das mãos e, promover a cirurgia mais segura. Além de demais metas internacionais para que o paciente não sofra algum tipo de dano que poderia ser evitado através de estratégias de prevenção para Segurança do Paciente.

No Brasil, as metas para Segurança do Paciente baseadas nas metas internacionais da OMS, são coordenadas pelo Programa Nacional de Segurança do Paciente do Ministério da Saúde.

Há mais de dez anos, um relatório divulgado pelo Instituto de Medicina dos Estados Unidos (Errar é humano: construindo um sistema de saúde mais seguro) analisou prontuários de 30.121 internações e identificou que sérios prejuízos haviam ocorrido em 3,7% das internações (6,5% dos quais provocaram disfunções permanente e 13,6% envolveram a morte do paciente). Com base nestes resultados, estimou-se que os danos haviam contribuído para a ocorrência de 180.000 óbitos por ano naquele país.

Após a publicação desse relatório, tornou-se urgente a redução de eventos adversos em todo o mundo.

Em se tratando da assistência à saúde nos hospitais brasileiros, acredita-se que os erros e suas consequências são consideravelmente maiores, devido à precariedade dos serviços prestados, à falta de dimensionamento adequado de pessoal, à carga horária excessiva e à má remuneração dos profissionais1.

Paralelamente, a complexidade dos serviços de saúde e a incorporação de tecnologias elaboradas tem sido atribuídas a riscos adicionais na prestação do cuidado. Entretanto, estratégias simples e efetivas podem prevenir e reduzir riscos e danos nestes serviços, por meio do seguimento de protocolos específicos, associadas às barreiras de segurança nos sistemas e à educação permanente.

Instituições hospitalares têm incorporado tal ponto de vista com o objetivo de oferecer assistência de excelência, diminuir custos e assegurar a satisfação à clientela. Busca-se instituir a segurança nas organizações de saúde enquanto processo cultural, promovendo maior consciência dos profissionais quanto à cultura de segurança, compromisso ético no gerenciamento de risco com consequente aquisição de segurança para si e para a clientela atendida, suprindo a lacuna existente no aspecto da segurança do paciente.

Tal lacuna pode ser constatada no processo assistencial, em que merece destaque a ocorrência crescente de eventos adversos (EAs), ou seja, de danos não intencionais que resultam em incapacidade temporária ou permanente e/ou prolongamento do tempo de permanência na instituição ou morte, como consequência de um cuidado de saúde prestado3.

Os eventos adversos são comumente associados ao erro humano individual, mas devem-se considerar como desencadeadores as condições de trabalho, os aspectos estruturais e a complexidade das atividades desenvolvidas. As situações que predispõem ao risco de eventos adversos incluem avanço tecnológico com deficiente aperfeiçoamento dos recursos humanos, desmotivação, falha na aplicação da sistematização da assistência de enfermagem (SAE), delegação de cuidados sem supervisão adequada e sobrecarga de serviços.

No âmbito da assistência de enfermagem, os erros mais frequentes a ela relacionados ocorrem na administração de medicamentos; na transferência de paciente e na troca de informações; no trabalho em equipe e comunicação; na incidência de quedas e de úlceras por pressão; nas falhas nos processos de identificação do paciente, na incidência de infecção relacionada aos cuidados de saúde, entre outros5.

Desse modo, compreender a relação entre riscos, características dos cuidados à saúde e aporte da rede hospitalar pode fornecer à enfermagem elementos importantes para a melhoria da assistência. Embora os riscos relacionados aos cuidados de enfermagem venham sendo abordados amplamente na literatura, torna-se importante conhecer como eles são percebidos e avaliados pelos profissionais implicados na assistência direta ao paciente.

Esse conhecimento é relevante para estabelecer articulações entre os serviços hospitalares, desencadear ações de educação em saúde, contribuir para a redução da mortalidade associada a eventos adversos graves e melhorar a qualidade de vida de pacientes e profissionais.

Os riscos na assistência em saúde são, por sua vez, incidentes que ocorrem durante o atendimento ao cliente. Podemos citar como por exemplo de riscos, quedas, administração incorreta de medicamentos, erro na realização de um procedimento cirúrgico, troca do nome do cliente na realização de um exame laboratorial ou de imagem, entre outros.

Estudos relacionados à segurança do paciente e à participação do enfermeiro na implantação de estratégias para a melhoria da qualidade e da segurança da assistência de enfermagem são necessários e, ao mesmo tempo, recentes e inovadores, podendo ajudar os profissionais da área a conhecer as causas e os efeitos à saúde do paciente, além de possibilitar treinamentos adequados à prevenção de novas ocorrências e implementação da cultura da segurança nos serviços de saúde em geral.

Esforços contínuos devem ser priorizados na prática, desde a alta direção aos profissionais da assistência direta, com o intuito de promover estrutura física, humana e organizacional em qualidade e quantidade que garanta a promoção da cultura de segurança no hospital e a satisfação dos colaboradores, pacientes e familiares. Tal investimento deve levar em consideração aspectos voltados para o gerenciamento com pessoas, jornadas de trabalho exequíveis, remuneração adequada e estabelecimento de bom relacionamento interpessoal por meio de incentivo à comunicação efetiva e ao trabalho em equipe.

Em função do crescimento do número de eventos adversos e objetivando prevenir e reduzir a incidência dos mesmos, o Ministério da Saúde criou, em 1º de abril de 2013, o Programa Nacional de Segurança do Paciente. Com isso, o tema ganhou ainda mais relevância no cenário nacional.

Existem seis protocolos básicos de Segurança do Paciente. Eles foram criados para evitar eventos adversos aos pacientes. Vejamos cada um deles:

  1. Identificação do paciente: objetiva garantir a correta identificação do paciente para assegurar que o cuidado seja prestado para a pessoa a qual realmente se destina;
  2. Prevenção de úlcera por pressão: objetiva prevenir a ocorrência de úlcera por pressão e outras lesões da pele. Úlcera por pressão são feridas que ocorrem por falta de oxigenação na superfície da pele;
  3. Segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos: objetiva promover práticas seguras no uso de medicamentos em estabelecimento de saúde, visando administrar o medicamento correto para a pessoa certa, na dose correta;
  4. Cirurgia segura: objetiva reduzir a ocorrência de incidentes e eventos adversos e a mortalidade cirúrgica por meio da realização do procedimento certo, no local correto e no paciente correto;
  5. Prática de higiene das mãos em serviços de saúde: objetiva prevenir e controlar as infecções relacionadas à assistência à saúde, tanto para pacientes quanto para os profissionais envolvidos nos cuidados aos pacientes;
  6. Prevenção de quedas: objetiva reduzir a ocorrência de queda de pacientes nos pontos de assistência à saúde e, principalmente, reduzir o dano delas decorrente.

O desafio da implantação e gerenciamento dos protocolos de segurança do paciente

Todas as organizações prestadoras de serviços de saúde devem implantar os protocolos de Segurança do Paciente para oferecer serviços mais seguros aos seus clientes. O desafio da implantação é comprometer os profissionais da área da saúde com estes protocolos e primar pelo registro dos eventos adversos que possam ocorrer durante o atendimento ao paciente.

Criação do Núcleo de Segurança do Paciente (NSP): o Núcleo é responsável pelas questões relacionadas à Segurança do Paciente nos serviços de saúde, além de elaborar e acompanhar o Plano de Segurança do Paciente (PSP). Ainda, deve notificar, mensalmente, os incidentes de segurança ao Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS).

Outro fator muito importante nesta prática é mensurar, por meio de indicadores, os eventos ocorridos e desenvolver um sistema de gerenciamento dos mesmos.Para isto, é preciso desenvolver a cultura de registro toda vez que ocorre um evento adverso relacionado a um dos 6 protocolos.

A partir do registro é possível, sistematizar reuniões mensais ou quinzenais para análise do número de eventos, principais causas da ocorrência destes eventos, locais com maior ocorrência dos eventos e inclusive avaliar o dimensionamento das equipes.

O maior beneficiado com a implantação dos protocolos de segurança do paciente é o próprio paciente, pois será atendido numa organização preocupada com sua segurança e empenhada em evitar a ocorrência de eventos adversos. Por outro lado, a empresa prestadora de serviços de saúde também é beneficiada quando cria a cultura de segurança do paciente, pois a qualidade do seu serviço melhora muito e os clientes preferem ser atendidos em instituições que primam pela qualidade na assistência.

Cabe a cada usuário dos serviços de saúde, ser mais exigentes e primar pela utilização de serviços Certificados ou Acreditados, pois só desta forma estaremos promovendo a elevação do nível de qualidade e segurança na saúde.

 

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Patricia Tosta

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