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Saúde única e sua relação com a semana de vacinação nas américas

 

Willian Barbosa Sales (*)

Entre os dias 23 e 30 de abril, é comemorado a 20ª Semana de Vacinação nas Américas e a 11º Semana Mundial de Imunização, com o chamado à ação “Você está protegido? Tome todas as vacinas”. A iniciativa é promovida pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), juntamente com os países e territórios da região das Américas e seus parceiros. Há mais de 100 anos aconteceu a primeira campanha de vacinação em massa no Brasil, idealizada e concretizada pelo fundador da saúde pública no país, o médico e cientista Oswaldo Cruz. Nesse sentido, as semanas de vacinação atuam como importante comunicação para reforçar a importância da vacinação destacando cenários contemporâneos a cada campanha.

 

No Brasil, a vacinação está intensamente atrelada às condições do clima tropical, das altas temperaturas e da intensa pluviosidade anual. A vegetação é formada por florestas de alta densidade, como a Floresta Amazônia e a Mata Atlântica, ambas ricas em biodiversidade. Outra característica das regiões de clima tropical é uma vasta rede hidrográfica com grandes rios que são reabastecidos pelas constantes chuvas.

 

O clima tropical presente em boa parte do nosso território é ideal para o desenvolvimento de agentes infecciosos ou parasitas importantes para saúde pública, ou seja, à medida que os grandes centros urbanos crescem de forma desordenada invadindo a delimitação das regiões de floresta, à medida que o desmatamento cresce em larga escala, estamos invadindo uma biodiversidade que se encontrava em seu devido equilíbrio.

 

Boa parte das vacinas presentes no calendário de imunização estão relacionadas à prevenção de doenças tropicais importantes ou doenças tropicais negligenciadas (DTN). Essas doenças possuem sua gênese em regiões tropicais em desenvolvimento e acometem pessoas em situação de vulnerabilidade, ou seja, pobreza, acesso limitado à água limpa, condições precárias de higiene e saneamento. No Brasil algumas DTN são a hanseníase, doenças de Chagas, esquistossomose, leishmaniose, hepatites e filariose linfática. As principais doenças preveníveis por vacinas são a poliomelite, tétano, coqueluche, haemophilus influenzae, sarampo, rubéola, caxumba, febre amarela, difteria, hepatite B e Covid-19.

 

A saúde única está ligada de forma direta na prevenção das doenças tropicais, pois sua gênese está relacionada ao rompimento da tríade entre a saúde humana, saúde animal e saúde ambiental, antes trabalhadas isoladamente. Quando essas formas de saúde não são respeitadas e trabalhadas de forma única, o desenvolvimento de intervenções e métodos combinados de saúde pública nos diferentes territórios do Brasil se torna impossível. A campanha promovida pela OPAS, vem ao encontro com a Saúde Única/One Health e com as necessidades de conscientização da população sobre o uso de vacinas para proteger todas as pessoas de todas as faixas etárias contra doenças evitáveis.

 

O Brasil é referência mundial em vacinação e o Sistema Único de Saúde (SUS) garante à toda população brasileira acesso gratuito a todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Conheça o Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde que foi criado em 1973 e que abrange diferentes faixas etárias: criança, adolescente, adulto/idoso, gestante e povos indígenas. Abrace essa campanha, pois vacinas salvam vidas.

 

*Willian Barbosa Sales é biólogo, doutor em Saúde e Meio Ambiente, coordenador dos cursos de pós-graduação área da Saúde do Centro Universitário Internacional Uninter.

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