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Saúde na Bahia: desafios e perspectivas

O Secretário de Saúde do Estado, Fábio Vilas-Boas, anunciou em entrevista exclusiva concedida à apresentadora do Programa Saúde no Ar (28.12.2015), Patrícia Tosta, a entrega do prédio 2 do Hospital Geral do Estado (HGE) já na primeira semana de março de 2016, além de uma nova UTI no Hospital Roberto Santos, que contará com 20 leitos e o novo Cican, para atendimento na área de Oncologia.

Diversos pontos positivos e negativos foram abordados, sobretudo por conta da crise econômica atual e os casos de zika vírus e microcefalia, surpreendendo inclusive a classe médica. Este ano, o país passou por epidemias das arboviroses com vários casos notificados de doenças causadas pelo mosquito Aedes Aegypti, intensificando ainda mais a problemática da área da saúde.

Apesar da crise financeira, o programa Saúde Sem Fronteiras, lançado pela atual gestão, teve bons resultados com o aumento dos serviços e atendimentos prestados. Acompanhando de perto o andamento dos centros de saúde, o Dr. Fábio Vilas-Boas recentemente visitou quatro unidades médicas, entre hospitais e maternidades de Salvador.

O objetivo da inspeção foi verificar o cumprimento das escalas dos profissionais e aferir o bom funcionamento dos equipamentos de imagem. As inspeções devem continuar, sem aviso prévio, em qualquer dia da semana nas unidades de saúde. Depois do levantamento, deve ser criada uma rede de ortotrauma para ampliar a oferta de cirurgias, descentralizando o atendimento atualmente feito no Hospital Geral do Estado (HGE).

Entre os pontos positivos apresentados por Vilas-Boas durante a entrevista, estão o aumento significativo da eficiência gerencial da rede e investimento para a capacitação dos profissionais envolvidos, ampliando o número de procedimentos realizados. “Reduzimos o custo em 8% nos hospitais e aumentamos a produção em 30%. O Hospital Roberto Santos aumentou em 100% o número de cirurgias, de 13 para 26 por dia”, afirma Dr.° Fábio Vilas-Boas. Ao abordar o necessário investimento em capacitação e novas tecnologias, o secretário enfatizou que o trabalho da qualidade da saúde passa também pelo entendimento que de que a humanização neste setor é algo intrínseco. “Tratamento humanizado é obrigação, não é favor. O servidor que não é capaz de ter o sentimento de compaixão, capacidade de sentir o sofrimento do outro deve sair da saúde. Pessoas devem saber cuidar com pessoas”.

Estão previstas para serem entregues várias obras e implementados diversos programas em 2016, a exemplo do programa de inserção de novos profissionais de saúde ao mercado de trabalho, pois muitos encontram dificuldade devido à falta de experiência. Para os interessados em concursos públicos na área, o gestor afirmou que ainda não há previsão. Entre as iniciativas para o próximo ano, estão a construção de 28 policlínicas que vão atender a 15 especialidades médicas com investimentos de R$17 milhões. O governo deve abrir ainda licitação de 10 policlínicas para o interior da Bahia e a conclusão de uma série do obras e reformas que estavam paradas, incluindo 12 centros de saúde. Mais de 100 convênios de obras terão andamento, juntamente com a licitação do novo sistema de saúde digital.

Apesar dos vários apoios contados, foram inúmeras as dificuldades enfrentadas pela secretaria este ano. “O maior gargalo é o subfinanciamento, pois falta dinheiro para custeio e inovação”, revela. Ainda de acordo com o secretário, muitos destes gargalos foram equacionados, principalmente no que diz respeito à área de transplantes. Através da Política Estadual de Transplante, em menos de um mês foram realizados transplantes de pulmão e coração que não vinha sendo feito há 6 anos no estado.

O secretário reconheceu o apoio significativo da rede complementar das entidades filantrópicas, porém, lembrou que é preciso corrigir algumas falhas de gestão. “O setor filantrópico e de Santas Casas são os principais parceiros do SUS, como manda a constituição. Não contratualizei nem contratualizarei nenhum segmento privado se houver na cidade a disponibilidade de um desses parceiros com capacidade de prover serviço. Estamos procurando apoiar esse sistema que está endividado. Existem problemas de gestão. É preciso rever esse sistema”.

De acordo com o secretário, é possível que alguma unidade seja fechada, outras mudem de função virem policlínica ou unidade de pronto atendimento ou ainda maternidade ou hospital fechado apenas para cirurgias eletivas.

Ao fazer o balanço das reformas administrativas sofridas pela pasta, afirmou que a mudança como as antigas DIRES para os 9 Núcleos Regionais de Saúde, não alterou a logística de distribuição de medicamentos ou da assistência nos 417 municípios que compõem o Estado. Para 2016, o secretário prometeu um sistema de distribuição de medicamentos mais eficiente. “Este ano foi de arrumar a casa. Estamos com um modelo de assistência farmacêutica que vai representar uma verdadeira mudança. Aguarde que teremos boas notícias relacionadas a isto”, afirmou Vilas-Boas ao lembrar que a Bahia Farma é hoje um dos carros-chefe da indústria farmacêutica nacional.

O investimento em tecnologia para a construção de um melhor sistema de informação é uma das prioridades da gestão, que também pretende fazer melhorias no sistema de regulação. “Temos que trabalhar em duas pontas. Oferecer mais leitos por dia com a construção de novos hospitais e reduzir a necessidade de internar pacientes, fazendo com que a atenção básica se torne mais resolutiva, diminuindo a necessidade de internações na rede estadual”.

Os consórcios com as prefeituras é uma ação que deve ser mantida em 2016, além do Programa itinerante Saúde Sem Fronteiras, que está sendo ampliado com feiras de saúde no interior também com ofertas de saúde bucal para a população. O gestor, que enfrentou uma greve de 22 dias já no primeiro ano de sua administração, afirmou está sempre aberto ao diálogo e que deve honrar com todos os pagamentos até o final do exercício de 2015.

Concluindo a entrevista, o secretário de saúde e médico cardiologista, Fábio Vilas-Boas, garantiu que apesar de todos os desafios enfrentados na área da saúde, “existe à frente da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia jovem interessada, motivada e compromissada em trazer avanços e inovações para o sistema de saúde no Estado para tornar a saúde da Bahia uma das mais resolutivas do país”.

Redação Saúde no Ar

Ana Paula Nobre / Patrícia Tosta

 

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Patricia Tosta

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