Yara Sereya, 36 anos, atriz, cantora é CEO da Rede Negra Indígena, foi a primeira mulher transexual a fazer a cirurgia de transição vocal (glotoplastia) através do Sistema Único de Saúde (SUS) em Salvador.
Natural de Camaçari, cidade da Região Metropolitana de Salvador, Yara atualmente mora em Arembepe. Paciente do Ambulatório Transsexualizador da Universidade Federal da Bahia (Ufba), a artista foi operada pela Dra. Erica Campos, otorrinolaringologista pioneira na cirurgia de glotoplastia no Brasil.
“É uma realização só o fato de haver esperança em mudar essa realidade. Eu sempre tive problemas com minha voz. Infelizmente, por eu ter exposto minha transgeneridade tardia, minha voz sempre foi um demarcador ainda do outro gênero. Eu tinha que fazer vários exercícios para aquecer minha voz. Além disso, sou também artista, crio conteúdos nas redes sociais e nem sempre estou com minha voz aquecida”, conta Yara, em conversa com o site Alô Alô Bahia.
“Nos últimos tempos, percebi o quanto eu me escondia por conta da minha voz, o quanto já deixei de fazer coisas. Como atriz, deixei de ser selecionada, porque minha voz distorcia a proposta da personagem. Como cantora, minha voz sempre pareceu desencaixada. E como pessoa, muitas vezes me sentia mal ao falar. Nunca falei sobre isso porque, como ativista, sempre defendi a ideia de que mulheres também têm vozes grossas… mas sempre foi um grande incômodo interno”, completa.