Um final de tarde marcado por lembranças, emoção, gratidão e boas perspectivas para a população em situação de vulnerabilidade social, foi neste clima que a Fundação José Silveira (FJS) recebeu nesta segunda-feira (13) o Saúde Móvel – Estratégia de combate da tuberculose. A ação é uma parceria do Rotary Club, parceiro da entidade desde o início de sua fundação.
O evento foi aberto com uma apresentação artística feita por crianças da Escola Aberta do Calabar, entidade apoiada pela FJS desde os anos 90, que apresentaram o espetáculo ‘Silveirinha’ dedicado à memória do pesquisador e fundador do Instituto Brasileiro para Investigação da Tuberculose (IBIT), unidade da Fundação.
Lembrando a parceria iniciada em 1934, quando o Rotary se tornou o primeiro apoiador do Instituto, o presidente da FJS, Dr. Geraldo Leite, fez a abertura oficial do evento agradecendo ao Rotary Club e a Academia Rotária de Letras por mais essa iniciativa de uma caminhada frutuosa que já dura 80 anos.
“O Saúde Móvel só reforça uma antiga parceria entre a Fundação com o Rotary Club, e neste momento só temos a agradecer o reforço que recebendo para dar continuidade ao combate à tuberculose”.
Henrique Trindade, governador do Distrito 4550 do Rotary Internacional, reafirmou o compromisso de cada rotariano com as causas humanitárias como a erradicação da pólio no mundo e o combate às doenças que são desafios à saúde pública e anunciou novas ações que já estão em curso.
“O nosso Distrito tem um viés forte para a área da saúde. Já tivemos a experiência da Rotary Saúde Móvel Novo Mundo, unidade móvel de atendimento para crianças autistas, numa parceria com a Liga Álvaro Bahia contra a Mortalidade Infantil e agora estamos fechando os últimos detalhes para a entrega de uma ambulância UTI Neonatal também para esse hospital de grande relevância para o atendimento das crianças. Também está em curso a construção da 11ª sala de cirurgia do Hospital Santo Antônio das Obras Sociais Irmã Dulce”, salientou.
A Saúde Móvel, unidade totalmente equipada doada pelo Rotary Clube da Bahia, será destinada às ações de controle da tuberculose para atendimentos à população em situação de rua, catadores de recicláveis e população privada de liberdade. O equipamento vai servir às equipes de saúde que vão ao encontro dos pacientes com maior dificuldade de acesso ao atendimento clínico.
A superintendente da FJS, Leila Brito, apresentou o panorama da tuberculose. Os dados incomodam e convocam a uma séria e decisiva tomada de atitude para conter o avanço da doença. “A tuberculose não acabou, sendo ainda um problema de saúde pública e uma emergência global, definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Em 2015, foram 1.800 mortes no mundo, no Brasil no mesmo ano, 4.500 pessoas morreram de acordo com dados do Ministério da Saúde. São vítimas de uma doença que pode ser tratada em ambulatório”, avalia.
“A Bahia é o terceiro estado do país em número de casos e Salvador a terceira capital com casos confirmados da doença. Já são 2.379 notificações e a Fundação José Silveira oferece cobertura a 13% dos infectados, tendo uma margem de 87% de cura e apenas 3,4% de abandono do tratamento, são os menores indicadores do país”, afirmou.
A unidade móvel conta com aparelho de raio-X e estrutura de coleta de material para realização do teste rápido. É a possibilidade concreta que faltava a Fundação para chegar até as ruas e aos cárceres lugares que concentram a população mais vulnerável com até 70% de chance a mais de contrair a doença em relação a média nacional.
Maria Lúcia Santos, coordenadora do Movimento População de Rua, ressaltou a importância da iniciativa e convocou a todos para, assim como o Rotary, fazer a diferença para àqueles que ainda são, em muitos casos, invisíveis sociais.
“Vivemos em uma sociedade egoísta e voltada para seus próprios interesses, mas isso não acontece aqui na FJS, esta entidade há oito décadas abre as portas e oferece não só saúde, mas acolhimento, solidariedade e respeito. Não tenho palavras para dizer o que essa unidade vai fazer pelas pessoas em situação de rua. Esse é um resgate da cidadania e a prova de que a união é possível quando não se tem vergonha de dizer para o que veio. À Fundação José Silveira, nossa fidelidade e eterna gratidão”, concluiu.
Também participaram da solenidade lideranças do Rotary e autoridades como o secretário estadual de Administração Penitenciária e Ressocialização do Estado, Nestor Duarte, a promotora de Justiça e coordenadora do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos do Ministério Público, Márcia Teixeira, Joílson Santana, presidente das Associações de catadores de materiais recicláveis (CAMA) além de outras entidades representativas de pessoas em situação de exclusão social.
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Fotos: FJS
Redação Saúde no Ar