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RJ é o estado com o maior número de negros mortos pela polícia

Rio de Janeiro - Mães e familiares de jovens negros mortos por policiais protestam contra a violência com ativistas da Anistia Internacional em frente à Igreja da Candelária (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Uma pesquisa elaborada pela Rede de Observatórios de Segurança do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), comparando seis estados brasileiros, Bahia, Ceará, Piauí, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo, concluiu que o Rio de Janeiro foi o estado com o maior número de pessoas negras mortas pela polícia no Brasil em 2020.

A cidade do Rio também é a capital com a maior quantidade de negros mortos pela polícia, com 415 registros, de acordo com o boletim. O número corresponde a 90% do total de mortos em operações. O Rio tem uma população composta de 51,7% de pessoas negras, de acordo com o estudo. Entre os mortos em ações policiais, essa população representa 86% do total. Esses números do RJ se explicam muito por conta do comportamento da polícia. A gente tem um cenário que não tem paralelo com nenhum outro estado do país. A polícia do Rio mata muito”, comentou Pablo Nunes, coordenador de pesquisa da Rede de Observatórios da Segurança.

A cada quatro horas, uma pessoa negra é morta em ações policiais, mostra o levantamento, divulgado nesta terça-feira, que utiliza dados obtidos de 2020, via Lei de Acesso à Informação.

De acordo com o estudo “Pele alvo: a cor da violência policial”, 939 negros foram mortos em ações policiais no Estado do Rio de Janeiro, entre os 1.092 registros que tiveram a cor/raça informada.

O estudo revelou, ainda, que a Bahia apresenta a maior letalidade de negros em ações da polícia, com 98%. Além disso, constatou que todos os mortos por agentes nas capitais Recife, Fortaleza e Salvador eram negros.

Em 2021, ações da polícia causaram mortes em diferentes locais do estado. Em maio, uma operação da Polícia Civil na comunidade do Jacarezinho, zona norte da capital, deixou 28 mortos, tornando-se a mais letal da história do Rio.

Em novembro, outra intervenção policial terminou com nove mortes no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, na região metropolitana. Nesta terça, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro realiza uma reconstituição no local.

Nesta segunda (13), o MP-RJ denunciou cinco policiais por alteraram a cena do local onde a jovem Kathlen Romeu, de 24 anos, foi baleada no Complexo do Lins, também na zona norte do Rio, em junho. A morte da designer de interiores, que estava grávida de três meses, é investigada pelo MP-RJ, que apura a possibilidade de o tiro ter sido disparado por agentes do estado.

Segundo a pesquisa, entre os estados do nordeste a  Bahia é o estado mais letal. 100% dos mortos pela polícia militar são negros.

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