Afetos têm a sua intensidade diminuída; comportamentos dos que nos são queridos são alterados; situações se modificam, surgem outras novas com maiores graus de complexidade; amigos refazem suas opções; os entusiasmos se arrefecem ou se transferem para outros interesses; surgem novos desafios ao longo das nossas vidas. Tais fenômenos renovadores não nos devem aprisionar ao passado, remeter nossa atenção ao futuro, conduzir-nos ao desânimo, à revolta ou à depressão.
Recolher-se ainda que à oração, se passiva, rogando fazer-se-me um instrumento da paz, inspira o concurso da atenção divina porém ainda estaremos frágeis mantendo-nos passíveis de sermos afetados emocionalmente por fatores que se apresentem impostos pela vida, conduzindo-nos a estados de desequilíbrio psíquico sob o qual se produzem comportamentos indesejáveis. O contexto muda, a conjuntura muda, as pessoas mudam. Tudo se modifica à nossa volta, então e que devo fazer? Mudar também! De alguma forma mudar-se, transformar-se, renovar-se, tornar-se uma pessoa melhor e, necessariamente construir e fortalecer uma proteção emocional de modo que se escolha as mudanças a serem implementadas em si mesmo não se permitindo eleger aquelas que o mundo tenta imprimir na tentativa de construir indivíduos piores ou transtornados.
Como se dá o processo de renovação? As orientações religiosas para a conversão comportamental chegam aos seus adeptos na forma imperativa que lhe é própria, por vezes como alerta ou condição estabelecida para a felicidade eterna. O Espiritualismo mostra a necessidade e os benefícios da conexão como o divino apresentando técnicas valiosas ao favorecimento do estado contemplativo e captador das imprescindíveis energias cósmicas. Entre as orientações recebidas, por várias vias, que nos sugerem a necessidade de mudança, e a efetiva, prática e perceptível melhoria do comportamento existe um espaço reivindicando uma ponte. A mudança comportamental se dá após a compreensão não somente das razões pelas quais devemos mudar, mas, também, do conhecimento sobre o cerne, o centro onde o processo da mudança comportamental tem o seu início: a personalidade.
Carl Gustav Jung, pai da Psicologia Analítica, de alguma forma nos disse que o que negas te subordina e o que aceitas te transforma. Necessário se faz, primeiramente, partir de uma fotografia, tirada pelo autoconhecimento, de si mesmo e a subsequente aceitação da realidade encontrada para que, conhecendo-se, possa-se saber o que se nega em si e que precisa ser modificado. Em seguida, não a aceitação passiva da Gabriela que se resigna entendendo ter nascido assim, crescido assim e será sempre assim, mas aquela aceitação inconformada e, por isto, transformadora, impulsionador da desejável mudança. A expressão do comportamento tem origem na personalidade que é o conjunto de características psicológicas determinantes dos padrões de pensar, sentir e agir; é a individualidade pessoal e social do ser. Decorre, então, o comportamento, das características da inteligência – que descreve a capacidade intelectual; da criatividade – sendo a capacidade de pensar divergentemente; da competência social – capacidade de construir relacionamentos; da inteligência emocional – capacidade em lidar com as emoções.
Ainda como componentes do construto da personalidade tem-se as disposições ligadas à ação que reúne as necessidades, os interesse, os motivos; tem-se os estilos de expectativas que o individuo predominantemente adota como otimismo ou pessimismo; se insiste nos seus propósitos ou desiste facilmente ante a primeira dificuldade; quando mal sucedido costuma atribuir a si ou a outrem a responsabilidade; a que o sujeito atribui o êxito, se a si mesmo ou à fadada sorte.
A postura, atitude, autoimagem, autoestima, autopercepção, autoapresentação, autoapresentação. O estilo, predominantemente, adotado pelo sujeito em seu propósito de superação: se busca modificar a situação causadora do estresse; esforça-se por mudar a sua maneira de lidar com a situação, ou opta pela mudança na forma de reagir emocionalmente ao estresse vivido. Todo esse conjunto determina a forma de pensar.
Em sendo o pensamento o modelador do comportamento, este somente poderá mudar em se modificando, por sua vez, aquele em sua qualidade. Para a Física Quântica, o mundo não é mais objetivo e sim feito de possibilidades e poderemos obter aquela que desejarmos, aquela para a qual o nosso comportamento, fruto do que pensamos e decorrente da nossa personalidade, nos direcionar. Como dito, tanto o pessimismo como o otimismo são dois dos tantos componentes da personalidade que influenciam a qualidade do pensamento.
Assimilar o que preconiza a espiritualidade aliando-se ao fato de que tudo quanto se nega ou se afirma encontra ressonância materializando-se no campo da realidade, considerando que ter a mente saudável, torna o indivíduo capaz de se tornar qualquer coisa, dependendo de como utiliza o cérebro que tem – assim diz a Neurociência por Suzana Houzel – renova a nossa compreensão a respeito do funcionamento dos mecanismos que dispomos para as nossas realizações em todos os âmbitos e instâncias da vida.
A forma com a qual nos comportamos hoje determina como será o nosso futuro. Mudar a forma de interagir com o mundo reflexionando de forma sincera e franca sobre como estamos com relação a cada um dos componentes da personalidade, mencionados anteriormente, remodelará por s o nosso comportamento e, deste modo, nos colocaremos em direção a ter o que quisermos, ser o que desejamos, mantendo-nos a sensação de um eterno bem estar.
Robson Cunha