- Relatório OMS e UNICEF: Quase 2 bilhões de pessoas dependem de unidades de saúde sem serviços básicos de água

Os dados do relatório, incluem informações de 165 países; com pesquisa em 760 mil unidades de saúde. Em comparativo com o ano anterior, o relatório contava com 125 países e 560 unidades de saúde.

De acordo com informe da Organização Mundial de Saúde (OMS); juntamente com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF); cerca de 1,8 bilhão de pessoas correm maior risco de contrair o novo coronavírus; bem como outras doenças porque usam ou trabalham em estabelecimentos de saúde que não possuem serviços básicos de água.

Durante coletiva de imprensa em Genebra o diretor geral da OMS; Tedros Adhanom Ghebreyesus disse que “Trabalhar em um centro de saúde sem água, saneamento e higiene é o mesmo que enviar enfermeiras e médicos para trabalharem sem equipamento de proteção individual”; De acordo com ele “O abastecimento de água, saneamento e higiene nos estabelecimentos de saúde são fundamentais para interromper a COVID-19. Mas ainda há grandes lacunas a superar, especialmente nos países menos desenvolvidos”.

Dessa forma, a publicação Global progress report on WASH in health care facilities: fundamentals first; acontece em um momento em que a COVID-19 expõe vulnerabilidades importantes nos sistemas de saúde, incluindo prevenção e controle de infecções inadequados.

Vidas em Risco

Higiene é vital para segurança e tratamento de pacientes e profissionais de saúde. Contudo; água, saneamento e higiene acabam sendo serviços não priorizados em todo o mundo; de acordo com o relatório um em cada quatro estabelecimentos de saúde não tem serviços de água; um em cada três não tem acesso à higienização das mãos onde o atendimento é prestado; bem como um em cada 10 não tem serviços de saneamento básico. Um em cada três não faz a separação dos resíduos com segurança.

“Enviar profissionais de saúde e pessoas que precisam de tratamento para estabelecimentos sem água potável, banheiros seguros ou mesmo sabonetes coloca suas vidas em risco”, disse a diretora executiva do UNICEF, Henrietta Fore.

“Isso certamente era verdade antes da pandemia de COVID-19, mas este ano tornou essas disparidades impossíveis de se ignorar. À medida que imaginamos e moldamos um mundo pós-COVID-19, certificar-se de que estamos enviando crianças e mães para locais de cuidados equipados com água, saneamento e serviços de higiene adequados não é apenas algo que podemos e devemos fazer. É uma necessidade absoluta”.

47 países tem situação critica

Além disso, o relatório revela a situação critica em 47 países menos desenvolvidos (LDCs, sigla em inglês) do mundo; dessa forma um em cada dois estabelecimentos de saúde não tem água potável básica; bem como um em cada quatro estabelecimentos de saúde não tem instalações de higiene das mãos nos pontos de atendimento; e três em cada cinco carecem de serviços de saneamento básico.

O documento mostra que o cenário nesses países podem mudar; de acordo com as estimativas preliminares custaria cerca de US$ 1 per capita para permitir que todos os 47 países menos desenvolvidos estabeleçam serviços básicos de água nas unidades de saúde. Em média, são necessários US$ 0,20 per capita a cada ano para operar e manter os serviços.

Dessa mesma forma, o relatório ressalta que investimentos adicionais e imediatos em higiene têm grandes retornos; melhorar a higiene nas unidades de saúde para combater a resistência antimicrobiana. Além disso, é possível reduz os custos dos cuidados de saúde porque reduz as infecções associadas, que possuem tratamentos caros. Isso economiza tempo, pois os profissionais de saúde não precisam procurar água para higienizar as mãos. Uma melhor higiene também aumenta a utilização de serviços. Isso tudo resulta em um retorno de US$ 1,5 para cada dólar investido.

Recomendações do Relatório

O relatório fornece quatro recomendações principais:

Implementar roteiros nacionais custeados com financiamento apropriado;
Monitorar e revisar regularmente o progresso na melhoria dos serviços, práticas e ambiente propício de higiene e limpeza;
Desenvolver capacidades da força de trabalho de saúde para sustentar os serviços de higiene e limpeza e promover e praticar boa higiene;
Integrar a higiene no planejamento, orçamento e programação regular do setor de saúde, incluindo esforços de resposta e recuperação da COVID-19 para fornecer serviços de qualidade.

De acordo com o relatório implementação da Resolução da Assembleia Mundial da Saúde de 2019 sobre higiene nas unidades de saúde é desigual. Dos quase 50 países para os quais a OMS e o UNICEF possuem dados; 86% atualizaram os padrões e 70% realizaram avaliações iniciais que mostram que essas áreas geralmente estão no caminho certo. Por outro lado, apenas um terço dos países custearam um modelo de higiene nacional em unidades de saúde e apenas 10% incluíram indicadores de higiene no monitoramento de sistemas nacionais de saúde.

Os parceiros em WASH (água, saneamento e higiene) e os parceiros no âmbito da saúde mostraram o seu apoio para cumprir as metas de higiene globais e nacionais nas unidades de saúde. Até 2020, mais de 130 parceiros comprometeram recursos, dos quais 34 assumiram compromissos financeiros dedicados, totalizando US$ 125 milhões.

Covid-19 e o saneamento básico

Referente a covid-19 no relatório; os dados publicados pela OMS em outubro indicam que as infecções pelo vírus entre profissionais de saúde são muito maiores do que na população em geral; dessa forma, os profissionais de saúde representam menos de 3% da população, mas respondem por 14% dos casos globais de COVID-19 notificados à OMS. Contudo; é imperativo garantir que os profissionais de saúde tenham as necessidades básicas de higiene para manter seguros a si próprios, seus pacientes, suas famílias e crianças.

“Milhões de pessoas não têm outra opção a não ser buscar atendimento em 50% das unidades de saúde nos países em desenvolvimento que não têm água potável nas instalações. Isso não pode continuar. Todos os dias, tanto a vida dos profissionais de saúde, quanto dos pacientes estão sendo colocadas em risco”, disse Tim Wainwright, executivo-chefe da instituição de caridade internacional WaterAid. “Sem os profissionais de saúde da linha de frente sendo capazes de lavar as mãos; fornecer água limpa a seus pacientes; ou ter um lugar decente para ir ao banheiro, um hospital não é um hospital – é um terreno fértil para doenças”.

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