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Relacionamentos familiares

Muito comum, há algum tempo,  encontrar-se poltronas dispostas, nas salas, de tal forma em que elas ficavam umas de frente para todas as outras. Ali, naquele ambiente, à noite geralmente, as pessoas se reuniam. Estar unida a família, no café da manhã, almoço e janta era uma exigência que não dispensava a presença de nenhum dos seus membros.

A autoridade, predominantemente, paterna mesclava-se com a complacência materna e, sob esta regência pais e filhos conversavam. Ainda que com severidade e rigidez os pais eram tidos com profundo respeito e exemplo para todos. Orientações, comportamentos, limites, regras, situações, histórias da família, versavam naquela prática.  É certo que assuntos tabus para a época ou por não estarem ainda próximos daquela realidade não desfilavam naqueles encontros.

 Nos idos de 1950, em seus meados, a tecnologia dá sinais imperiosos e marcantes da sua chegada, indicando alguns dos seus efeitos colaterais só futuramente percebidos. Naquele momento a primeira e impactante mudança: as poltronas são direcionadas para a televisão que acabara de chegar aos lares brasileiros com reflexo imediato nas confabulações que receberá, ainda, a Internet como um reforço de peso a instalar-se, também, entre pais e filhos.

Mesmo que muito daquele costume, em relação às oportunidades de diálogo e conversas familiares, tenha-se diluído ao longo do tempo por influências contextuais e contemporâneas, nada está perdido porquanto se dispõe de adaptações compensatórias na medida em que se deseje com seriedade, responsabilidade e serenidade, buscar os defeitos existentes no processo de comunicação familiar e suas consequências por venturas já instaladas expondo-as aos membros com franqueza em busca dos ajustes, correções e soluções das situações encontradas.

Em razão dos diferentes tipos humanos e de personalidade, toda convivência, especialmente na intimidade doméstica, é conflituosa e sempre haverá confrontos decorrentes das diferentes ideias, opiniões e interesses presentes e próprios de qualquer idade, sem que devam ser impedimentos à boa e mútua formação moral de seus integrantes.

O ambiente familiar é lugar de deveres e também, necessariamente, de prazeres, de alegria e comprazimento por se estar em família. Espírito de companheirismo e camaradagem; confraternizações e comemorações de fatos e eventos ocorridos na vida de cada um e a realização de festividades que auxiliem e estimulem os bons relacionamentos sociais favorecem a manutenção de um clima emocional agradável e de constante equilíbrio reduzindo espaços às queixas, reclamações, pessimismo e mau humor.

Hábitos que estabeleçam e estimulem a recíproca confiança e a lealdade devem ser implementados de forma a lastrear a convivência doméstica inspirando segurança e favorecendo aos seus membros sentirem-se à vontade para colocar as suas questões  e eventuais dificuldades e condições em que estejam imersos, e possam tratar com transparência os valores que constituem o bem estar e, também, aqueles que conduzem ao sofrimento, à ansiedade e à amargura.

Problemas precisam ser enfrentados sem postergações, disfarces ou tentativas de se imprimir a falsa ideia de que tudo está muito bem. As ocorrências, quadros, circunstâncias ou acontecimentos que tenham lugar no seio familiar devem ser de conhecimento de todos e delas todos devem ter as mesmas informações de tal modo que seus integrantes, conjuntamente e consideradas as suas competências e possibilidades, contribuam para a solução das dificuldades e ampliação dos efeitos e resultados das coletivas intervenções. Por óbvio, as crianças devem ser dispensadas desta tarefa até que venham a estar aptas a compreendê-la.

De modo eficaz faz-se a prática do respeito mútuo; da afetividade sem excessiva sensibilidade ou sentimentalidade; da disciplina comentada, explicada, fundamentada e sem rigidez; do ambiente agradável, tranquilo sem queixas nem reclamações; da presença do bom humor sem dar espaço ao mau humor; do hábito na maneira otimista de ver as situações, dificuldades, adversidades,  vicissitudes e problemas para os quais haverão diversas e positivas possibilidades.

Embora os filhos tenham, hoje, maior liberdade de expressão, percebe-se que falta ou há uma evidente dificuldade em acontecerem conversações e entendimentos entre eles e seus pais porém, o diálogo franco, sincero, transparente e aberto sobre todas e  quaisquer questões que se apresentem é e será sempre o único meio de entendimento e, consequentemente, de solução para todos os problemas e causas de desconfortos emocionais.

Não somos perfeitos, não temos os pais perfeitos, nem perfeitos são os nossos casamentos ou vivemos em uma família perfeita. Temos queixas e nos decepcionamos uns com os outros e, pior, causamos transtornos na vida dos que mais amamos por que somos imperfeitos. Agredimos sem intenção, desrespeitamos o tempo do outro, não enxergamos as suas potencialidades, não estimulamos suas capacidades e desconsideramos sua história.

Estamos todos em construção e a convivência familiar deve nos dar a oportunidade de nos auxiliarmos mutuamente na colocação dos tijolos uns na formação dos outros contribuindo com a edificação de cada um e que somente acontece de forma sólida e segura na família e jamais fora dela. Por isto, da compreensão se faz  a massa que juntará os corações e do perdão a liga que deverá unir as almas em torno de um único propósito: o  de nos tornarmos pessoas melhores, mais seguras, mais alegres e mais felizes. É possível a qualquer tempo, em qualquer fase, em todas as idades. Basta querer.

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Robson Cunha

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