Quedas podem causar transtornos mentais

“As pessoas comentam, não na frente dele, mas falam que ele não é normal, que ele parece doido. Toda esta situação é um pouco constrangedora”. O desabafo é que uma moradora de Conceição do Coité, cidade localizada a 210 km de Salvador, que prefere não se identificar. O anonimato é a forma que ela encontrou para se defender do preconceito. O marido dela teve crises epilépticas durante a infância, depois de uma queda. O problema o deixou com algumas sequelas que causam vários desconfortos: “Ele esquece de tudo, é muito nervoso, às vezes, fala as coisas e não lembra que falou… É uma situação difícil, eu tenho que assumir tudo”, relata.

Segundo dados da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) 30% dos brasileiros irão desenvolver algum transtorno mental ao longo da vida. As quedas, por exemplo, podem ser uma das causas destes problemas, principalmente dos transtornos epilépticos. “A queda pode levar a uma lesão no cérebro ou a formação de uma área de irritabilidade que pode acarretar crises compulsivas. Elas também podem gerar quadros psíquicos, chamados de transtornos orgânicos. A pessoa fica esquecida, agressiva ou calma demais”, explica o psiquiatra Geonaldo Fonseca Costa.

Porém, fatores genéticos, problemas bioquímicos, como hormônios ou substâncias tóxicas e até mesmo o estilo de vida, também podem gerar as doenças da mente. E elas são mais comuns e diversas do que a gente imagina. Depressão, transtorno bipolar, compulsivo ou de ansiedade e epilepsia são alguns dos transtornos mais comuns na sociedade. Costa afirma que como os sintomas, às vezes, são pouco visíveis, é preciso ficar de olho nos sinais comportamentais: “As mudanças ocorrem gradativamente na pessoa e pode ser que ela nem note. Então quando ela percebe, o problema já avançou muito, com quadros de muita tristeza e choro, ideias de suicídio, sentimento de solidão e isolamento, além de muita irritabilidade”, destaca.

Alguns dados assustam: mais de 350 milhões de pessoas no mundo sofrem de depressão, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde. No caso da doença, a duração do tratamento depende do estágio do problema e de como cada um responde aos medicamentos. “Um tratamento para depressão demora, no mínimo, 20 dias, que é o tempo que o medicamento demora para fazer efeito no organismo. O tratamento da primeira crise não leva menos de seis meses, se houver uma recaída passa para nove meses e se houver mais recaída o tempo de tratamento vai aumentando gradativamente” explica Costa.

Ainda de acordo com dados da ABP, transtornos mentais são a segunda causa dos atendimentos de urgência no país. Por isso, quando observado algum sintoma de depressão, ansiedade ou qualquer outro tipo de confusão mental, deve-se procurar a ajuda de um psicólogo ou psiquiatra. Após uma avaliação, o paciente poderá ser encaminhado, dependendo do caso, para um hospital com atendimento psiquiátrico ou para um Centros de Atenção Psicossocial (Caps).

 

Ana Paula Lima

 

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