A Procuradoria Geral do Estado da Bahia (PGE-BA) anunciou, que irá acionar os ministérios públicos federal e estadual do Rio Grande do Sul contra o vereador Sandro Fantinel (Patriota).
Em vídeo, o vereador diz fala xenofóbica e racista referente ao resgate dos trabalhadores baianos encontrados em situação análoga à escravidão, na cidade de Bento Gonçalves.
Além disso, também haverá pedido de ação indenizatória de reparação por danos morais. A medida da PGE-BA acontece após pedido do governador Jerônimo Rodrigues, que classificou as falas como “desumanas e inadmissíveis”, na terça-feira (28).
Sandro usou o plenário da Câmara de Vereadores para dizer que as empresas devem contratar argentinos, que seriam “limpos, trabalhadores e corretos”, ao invés “daquela gente lá de cima”, referindo-se ao Nordeste.
O documento de repúdio foi compartilhado em conjunto com a Defensoria do RS. A DPE-BA se colocou contra a “normalização do autoritarismo por meio de discursos de ódio” e disse que o vereador transgrediu o próprio mandato e também a Constituição Federal.
As Defensorias Públicas da Bahia e do Rio Grande do Sul também emitiram nota de repúdio contra o vereador e apontaram “traição à Constituição Federal”.
Resgate
Ao todo, 196 trabalhadores baianos, de um grupo composto, majoritariamente, por homens negros e jovens, foram resgatados de situação analoga a escravidão. Localizados por meio de uma ação conjunta da Polícia Federal (PF), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), na noite do dia 22 de fevereiro, em um alojamento, os trabalhadores apresentavam situações precárias de saúde, alguns com quadro de desnutrição.
“Quando eu despertei com a galera me chamando dizendo que estava chegando, eu só conseguia sentir que eu estava chegando em casa, lá em Valéria. Foi só uma explosão de alegria! O melhor desfecho para essa história foi esse e eu só tenho gratidão. O que eu pude fazer por todos eu fiz e estou muito feliz que meus companheiros estão aqui abraçando as suas famílias. Todos estão bem e ainda bem que todo mundo conseguiu sair lá daquela prisão. Saber que eu to em casa… Bahia! Eu sou baiano! E agora com essa acolhida me sinto mais seguro e confiante por saber que não estamos só e que vou poder seguir a minha vida. Eu não saio mais da minha Bahia por dinheiro nenhum!”, afirmou um dos trabalhadores que foi liderança na fuga e ajudou no resgate do grupo no Rio Grande do Sul.