Durante a reunião da XVI Assembleia Geral do Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e o Caribe (FILAC), , na Espanha, o presidente da Fundação Nacional do Índio, (FUNAI). Marcelo Xavier, foi chamado de miliciano e acusado de ser culpado da morte do indigenista Bruno Araújo. O evento marcou os 30 anos do FILAC. A entidade promove cooperação internacional e é especializada na promoção e desenvolvimento de direitos dos povos indígenas na América Latina e Caribe.
“Esse homem é responsável pela morte de Bruno Pereira. Esse homem é responsável pela morte de Phillips. Miliciano, você é um miliciano!”, disse Rao durante o evento. “Bandido. Vá para fora!”, afirmou, Ricardo Rao, que é indigenista e ex-servidor Funai.
Após as acusações, Xavier deixou o evento. Rao integrava a Coordenação Regional no Maranhão. Rao foi colega de Bruno durante curso de formação indigenista e vive exilado na Europa, nos últimos anos, por medo de perseguição política.
O jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Araújo Pereira foram assassinados na manhã de 5 de junho, um domingo, enquanto faziam o trajeto entre a comunidade Ribeirinha São Rafael e o município de Atalaia do Norte, no Amazonas.
O presidente da Funai, Marcelo Xavier, comentou sobre o desaparecimento da dupla afirmando que o indigenista e o jornalista entraram em terra indígena sem autorização da Fundação, e que “erraram ao não comunicar a viagem”.
A Funai divulgou uma nota repudiando os ofendas ao seu presidente:
Fundação Nacional do Índio (Funai) vem a público manifestar repúdio aos ataques verbais proferidos contra o presidente da fundação, Marcelo Xavier, nesta quinta-feira (21), em Madri, na Espanha, durante a XVI Assembleia Geral Extraordinária do Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e do Caribe (Filac).
A Funai lamenta o ocorrido e destaca que tais atitudes são irresponsáveis, violentas e antidemocráticas, inviabilizando, assim, qualquer tipo de diálogo sadio e producente, que deve ser sempre pautado no respeito entre as partes. A fundação entende que não se constroem políticas públicas na base de ofensas e argumentos destituídos de fundamento e provas. Tais atitudes não são compatíveis com o Estado Democrático de Direito.
A fundação informa ainda que, sobre o caso, foram tomadas providências junto à Polícia Judiciária da Espanha. É importante ressaltar que, por motivos de segurança, o presidente da Funai optou por sair voluntariamente do local do evento, dada a atitude hostil e agressiva do manifestante. Inclusive, os lamentáveis ataques serão objeto de ação judicial por crime contra a honra e ação de indenização por danos morais.
O manifestante que proferiu de forma agressiva os ataques verbais foi funcionário da Funai até o ano de 2020, tendo sido exonerado na ocasião por não ter cumprido as condições de estágio probatório. Por fim, a fundação reforça que, enquanto instituição pública, calcada na supremacia do interesse público, não coaduna com nenhum tipo de conduta ofensiva, repudia qualquer forma de desrespeito e segue aberta ao diálogo com os diferentes setores da sociedade.