“Dia dois de fevereiro, dia de festa no mar, eu quero ser o primeiro a saudar Yemanjá”, já cantava Dorival Caymmi. E nesta segunda-feira (02) ,desde cedo, como manda a tradição, os devotos vestidos de branco ou de azul enchiam as ruas do Rio Vermelho a caminho da casinha da orixá, localizada ao lado da Igreja de Nossa Senhora Santana, de onde todos os anos balaios cheios de flores e presentes saem nos barcos em procissão para serem entregues em alto mar à rainha das águas salgadas.
Para garantir a assistência às milhares de pessoas, gente da terra e turistas, que participam das homenagens à rainha do mar, a Secretaria Municipal da Saúde de Salvador montou um posto de saúde no Largo da Mariquita exclusivamente para o evento que começou na madrugada de domingo (01) e certamente vai até as primeiras horas desta terça-feira(03).
O módulo, semelhante aos instalados durante o carnaval funcionará das 10 às 22 horas, com uma estrutura que conta com seis leitos, sendo um de estabilização cardíaca, com equipamento de suporte avançado de vida. Uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU 192 ficará de prontidão na unidade par ao caso de haver ocorrências que necessitem de transferência para unidades hospitalares.
Além disso, outras nove unidades de urgência e emergência 24 horas do município e o SAMU 192 funcionarão todo o dia, ininterruptamente, servindo de retaguarda para as ocorrências de maior complexidade. As UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) dos Barris e San Martin servirão de referência para os casos que demandarem avaliação com especialistas e/ou exames complementares.
Até as 10 horas, poucas pessoas tinham dado entrada no posto. A maioria por pressão baixa, excesso de bebida, ou glicemia segundo um dos supervisores do posto, Domingos Barbosa.
No Largo de Santana, rodas de samba e de capoeira chamava a atenção dos turistas encantados com a festa e ao mesmo tempo parecendo assustados com o excesso de gente. A fila para colocar flores nos balaios da casa da orixá chegava até as imediações do Colégio Medalha Milagrosa, prometendo aumentar a medida que o tempo passasse.
Os festejos são realizados desde 1923, quando houve uma diminuição do pescado da Vila de Pescadores do Rio Vermelho. Tentando buscar ajuda da Mãe d’ Água, Yemanjá, eles saíram em procissão no dia dois de fevereiro para ofertar presentes à rainha das águas. A oferta deu resultado e os pescadores voltaram com os barcos cheios de peixes. Desde então, a festa vem sendo realizada e com o tempo passou a atrair devotos de todas as classes sociais e de diferentes religiões de Salvador.
Os barcos devem sair com os presentes às 16 horas entre um foguetório, samba e blocos carnavalescos. As barracas armadas para a festa vendem de tudo, bebidas, águas, refrigerantes e comidas mais pesadas tipo feijoada e sarapatel. Grupos de candomblé e de Umbanda chegam carregados de presentes, com seus devotos vestidos a caráter e cantando pontos da religião. Mar azul, muitas cores e sons prometem fazer de uma das festas mais populares da Bahia uma festa de muita alegria e encantamento.
Aurora Vasconcelos