O tema é instigante e desperta muita curiosidade em qualquer pessoa em um dado momento da sua vida. Há quem pense que seja por um determinismo genético, no entanto, sabemos que o gen não determina uma dada característica, mas dá a permissão para que a pessoa desenvolva a potencialidade permitida pelo gen em interação com o meio. Assim sendo, do mesmo modo que sua carteira de habilitação para conduzir um veículo lhe dá a permissão, porém não lhe obriga a dirigir carro algum. Do conhecimento básico da genética, todo estudante sabe que conjunto de gens interage com o meio para expressar uma característica – denominada fenótipo – morfológica, fisiológica ou psíquica.
Nesta comunicação abordamos como é que a personalidade humana se organiza a partir dos conceitos de Eric Berne, o genial criador da Análise Transacional, e coube a psicóloga Dra. Sonia Nogueira Pedreira demonstrar que os três estados do Ego: Pai, Adulto e Criança, se organizam para determinar os padrões de pensamentos, sentimentos e condutas inerentes ao ser humano. Assim, em pessoas que tem o Ego Criança hipertrofiado ficou evidente a tendência para um certo infantilismo psicológico. Por outro lado, nas pessoas em que o Ego Pai é mais desenvolvido aparece preponderantemente um traço protetor, permissor ou crítico, tanto em seus aspectos positivos quanto negativos. Já nas pessoas que prepondera o Ego Adulto é fácil de se ver a tendência à racionalidade e coerência em suas atitudes. É obvio que existem matizes intermediárias que são responsáveis por uma maior diversificação de comportamentos, pensamentos e sentimentos.
Ainda na primeira parte da palestra a Dra. Sonia Pedreira dissertou sobre uma contribuição de importantes teóricos da Análise Transacional, como Vann Jones, que revelou as seis Adaptações da personalidade humana, as quais se desenvolvem entre 0 a 6 anos de idade. Assim, foram analisadas separadamente aquelas que surgem mais cedo na vida (entre 0 e 3 anos de idade) as Adaptações de sobrevivência e depois entre 3 e 6 anos de idade as três Adaptações de Desempenho.
As Adaptações de sobrevivência são três, intituladas: Fantasista Criativo – Céptico, Brilhante e Manipulador Charmoso, nomes esses que são descritivos considerados como universais, e presentes em cada pessoa, pelo menos uma delas, e são resultantes do processo de criação ao qual são submetidos.
As Adaptações de Desempenho resultam do modo como cada pessoa aprendeu a valorizar característica de reconhecimento e validação, fixando pelo menos uma delas por toda vida como a prevalente. São elas: Hiperreativos – Entusiásticas, os Trabalhadores Incansáveis (workaholics) e Passivos Agressivos. Como cada uma dessas Adaptações tem uma série de características peculiares, fica óbvio que a análise combinatória destas Adaptações pode gerar um número infinito de modos de pensar, sentir, falar e agir, sendo quase impossível, portanto, de encontrar duas pessoas iguais.
O entendimento destas 6 modalidades de Adaptações de Personalidades explicam facilmente porque uma pessoa é do jeito que é – “proposta desta conferência”.
Dr. Antônio Pedreira e Dra. Sônia Nogueira Pedreira
Psicoterapeutas/Analistas Transacionais