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Por que há tanta desigualdade na eficiência da saúde pública entre estados e municípios?

O acesso à saúde pública no Brasil apresenta disparidades significativas entre estados e municípios, refletindo desafios e avanços distintos no atendimento à população.​

Estados com Melhor Desempenho em Saúde Pública

De acordo com o Ranking de Eficiência dos Municípios – Folha (REM-F), estados como São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Minas Gerais destacam-se por possuir municípios com alta eficiência na prestação de serviços de saúde, educação e saneamento. Essas regiões apresentam maior número de cidades classificadas como eficientes no uso dos recursos públicos para oferecer serviços básicos à população. ​

Municípios com Destaque Positivo

  • Vitória (ES): A capital capixaba lidera o ranking nacional de acesso à saúde, refletindo investimentos em tecnologia e eficiência no atendimento.
  • Botucatu (SP): Reconhecida por sua eficiência na entrega de serviços básicos, incluindo saúde, com uso otimizado de recursos financeiros. ​
  • Novo Hamburgo (RS): Apresenta um dos melhores desempenhos em saúde pública entre as maiores cidades do Rio Grande do Sul
  • Estados e Municípios com Desafios na Saúde Pública

Por outro lado, o estado do Rio de Janeiro enfrenta desafios significativos, apresentando a pior cobertura de atenção básica do SUS no país, com apenas 57,2% de cobertura. ​

Municípios como Santa Cruz do Rio Pardo (SP) e cidades da Baixada Fluminense (RJ), incluindo Nova Iguaçu, Belford Roxo e Duque de Caxias, figuram entre os piores desempenhos em serviços públicos, especialmente na área da saúde.

As disparidades no acesso e qualidade da saúde pública no Brasil evidenciam a necessidade de políticas públicas eficazes e investimentos direcionados para reduzir desigualdades regionais e garantir atendimento de qualidade a toda a população.​

A discrepância na eficiência da entrega de serviços de saúde pública no Brasil é resultado de uma combinação de fatores históricos, estruturais, administrativos e sociais. Entenda os principais motivos que ajudam a explicar essa realidade:

Por que há tanta desigualdade na eficiência da saúde pública entre estados e municípios?

  1. Desigualdade de arrecadação e repasse de recursos

Municípios com maior atividade econômica possuem maior capacidade de arrecadação tributária própria, além de atraírem mais investimentos estaduais e federais. Cidades menores e economicamente frágeis, em contrapartida, dependem quase exclusivamente de repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e do Sistema Único de Saúde (SUS), o que limita sua autonomia e capacidade de investimento em infraestrutura e equipes de saúde.

Exemplo: Municípios como Botucatu (SP) e Vitória (ES), com economias mais robustas, conseguem manter centros médicos bem equipados e remunerar melhor seus profissionais, ao passo que cidades como Belford Roxo (RJ) ou municípios no sertão nordestino sofrem com recursos escassos e serviços precarizados.

 

  1. Capacidade de gestão local

A presença de gestores qualificados, comprometidos com o planejamento e uso racional dos recursos públicos, é fator decisivo. Municípios que investem em tecnologia de informação em saúde, programas de monitoramento e avaliação de desempenho tendem a apresentar melhor eficiência, mesmo com recursos limitados.

Municípios que aderiram ao e-SUS AB (sistema digital de informação da atenção básica) com boa capacitação técnica têm mostrado avanços consistentes na organização do atendimento.

 

  1. Infraestrutura histórica desigual

O legado histórico de políticas públicas regionais deixou algumas áreas do país mais estruturadas do que outras. A falta de hospitais regionais, leitos, laboratórios e transporte sanitário em determinadas regiões dificulta o acesso, ainda que haja profissionais disponíveis.

No interior da Região Norte, por exemplo, o deslocamento até uma unidade de saúde pode exigir longas viagens fluviais, o que compromete a equidade no atendimento mesmo com boa cobertura teórica.

 

  1. Baixa cobertura da atenção básica

A Estratégia Saúde da Família (ESF) é o principal modelo de atenção básica do SUS. Onde a cobertura é ampla, há melhor acesso à prevenção e controle de doenças. Onde há ausência ou falhas nessa estratégia, a população recorre aos hospitais de forma desorganizada, sobrecarregando o sistema.

O estado do Rio de Janeiro, com menos de 60% de cobertura da atenção primária, sofre com filas, superlotação e baixa resolutividade na atenção hospitalar. Já o Piauí, com quase 100% de cobertura, consegue filtrar demandas e evitar internações desnecessárias.

 

  1. Problemas de corrupção, má gestão e uso político da saúde

Infelizmente, em muitos municípios a saúde pública ainda é usada como moeda de troca política, com contratações sem critério técnico, favorecimento de empresas prestadoras de serviço, ausência de transparência em licitações e falta de fiscalização. Isso compromete o bom uso do orçamento e a confiança da população no sistema.

A Operação OverClean, que investigou fraudes em contratos de coleta urbana, revelou esquemas que também se replicam no setor de saúde em diversos estados.

 

  1. Déficit de profissionais e evasão de mão de obra qualificada

Cidades do interior e periferias urbanas enfrentam dificuldade para atrair e manter médicos, enfermeiros e especialistas. A falta de incentivos, salários compatíveis e infraestrutura mínima afasta profissionais, resultando em desassistência ou rotatividade alta.

 

Conclusão

A desigualdade na eficiência da saúde pública brasileira não é fruto do acaso: ela está enraizada em desigualdades sociais, políticas e estruturais. Resolver esse quadro exige investimento direcionado, transparência na gestão, capacitação técnica de gestores locais e fortalecimento do pacto federativo, com mais equidade nos repasses e foco na atenção básica.

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