Aos queridos cunhados Iara e Érico Ferraz!
Entre os dados positivos da economia brasileira, em 2021, o relativo ao saldo do comércio exterior, o maior da nossa história, pode ser tomado como paradigma de nossas possibilidades como nação, diante, sobretudo, de condições naturais tão favoráveis que compensam o baixo nível da mão de obra disponível, em decorrência, acima de tudo, da má qualidade da educação praticada no País.
De fato, em contraponto a US$ 219,39 bilhões de dólares de nossas importações, alcançamos exportações no valor de US$ 280,39 bilhões, perfazendo um saldo positivo na balança comercial de US$ 61,01 bilhões, desempenho que deve ser celebrado como uma demonstração de nossas inequívocas possibilidades como povo, na medida em que haja um permanente mutirão nacional para que o Brasil deixe de ser uma nação trêfega, em face do envilecimento do papel desempenhado por suas principais instituições, sobretudo as vinculadas às estruturas dos tradicionais poderes republicanos: Executivo, Legislativo e Judiciário.
Dos vexames protagonizados por membros do Executivo e do Legislativo, de tão repetidos, ao longo da História, a sociedade brasileira desenvolveu uma sensibilidade coriácea para conviver e sobreviver. Novidade, no julgamento de quem possui o mínimo de capacidade crítica, é o ominoso desvio de conduta que membros da Suprema Corte Brasileira vêm praticando de um modo que rebaixa o Excelso Pretório, em sua já longa e gloriosa história, ao menor nível de aprovação pela sociedade brasileira. Sem dúvida, não é possível construir uma Corte Suprema respeitável com alguns membros que não preenchem os mais modestos patamares de exigência constitucional de “notável saber jurídico e reputação ilibada”, sobretudo o último. Não fosse pelos efeitos destrutivos que produzem no tecido moral da sociedade, o desempenho de algumas de suas Excelências, de tão escabroso, poderia ser, simplesmente, classificado como imbuído de invencível humor circense, para o álacre riso geral. As coisas não transcorrem, assim, porém. Membros do STF vêm avacalhando o País, a partir de grosseiros vilipêndios contra os princípios mais elementares da Lei. Quando o Sagrado Guardião da Lei é o primeiro a vilipendia-la, a Nação fica a mercê de todo tipo de desatino que bloqueia nosso avanço do estágio semibárbaro em que nos encontramos para o patamar de sociedade próspera e feliz que almejamos alcançar. Como exemplo, da distância que nos separa das nações maduras, basta dizer que a possibilidade de uma pessoa ser assassinada em Salvador é 150 vezes maior do que as que vivem em qualquer capital europeia.
Numa análise comparativa com o Mundo, em geral – paixões políticas, à parte-, o Brasil emerge da crise do Corona Vírus integrando a metade dos países com melhor desempenho, graças, em grande medida, ao bom trabalho prévio de dar régua e compasso à Administração Pública, realizado nos 28 meses do saneador Governo Michel Temer (31 de agosto de 2016 – 31 de dezembro de 2018).
Registre-se, com igual ênfase, a continuidade da recuperação dos postos de trabalho, apesar da mais agressiva oposição que um governo já tenha recebido em nossa história. Não obstante essa apaixonada oposição, nada atinge mais o atual Governo do que os gols contra feitos pelo próprio Presidente da República, fenômeno que o psicanalista canadense, nascido na Venezuela, Lopez-Corvo, denomina de auto-inveja, como já tivemos ocasião de abordar, neste mesmo espaço, não faz muito.
Sem prejuízo da sintética Constituição Brasileira, proposta pelo historiador cearense Capistrano de Abreu (1853-1927): “Todo brasileiro é obrigado a ter vergonha na cara. Parágrafo único: Revogam-se as disposições em contrário”, o Brasil será uma grande nação quando as duas grandes prioridades nacionais passarem a ser: educação de alta qualidade e saneamento básico, accessíveis a todas as camadas sociais.
Coluna de opinião escrita por Joaci Góes, escritor, acadêmico, Colunista do portal Saúde no Ar.
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