Poliomielite: O que os pais devem saber sobre a nova vacina injetável
Jorge Roriz
Especialista explica esquema vacinal e benefícios da mudança de oral para injetável
O Ministério da Saúde do Brasil acaba de implementar mudanças significativas na vacinação contra a poliomielite, substituindo a vacina oral (VOP) pela vacina inativada injetável (VIP). Para o Prof. Dr. Antonio Condino-Neto, médico pediatra, alergista e imunologista pela USP, “A adoção exclusiva da VIP visa aumentar a eficácia e a segurança da imunização contra a poliomielite. Isso porque a vacina inativada injetável induz uma resposta imunológica robusta sem o risco de reativação viral presente na vacina oral. Essa mudança fortalece a proteção das crianças e contribui para a manutenção do status do Brasil como país livre da poliomielite há mais de três décadas”.
A substituição da vacina oral (VOP) pela injetável (VIP) foi motivada por critérios epidemiológicos, evidências científicas e recomendações internacionais. A VIP, contendo o vírus inativado, oferece maior segurança, eliminando o risco, embora raro, de poliomielite associada à vacina, que poderia ocorrer com a VOP, que utilizava vírus atenuados. “Além disso, países como Estados Unidos e nações europeias já adotaram esquemas vacinais exclusivos com a VIP, portanto essa mudança na vacinação da polio alinha o Brasil às práticas internacionais”, explica o especialista em Imunologia, que também é diretor científico na Clínica Alergológica.
Efeitos colaterais – Dr. Condino-Neto explica que há diferenças nos perfis de efeitos colaterais entre as vacinas. A VOP, por conter vírus vivos atenuados, pode apresentar um risco – ainda que muito raro – de causar poliomielite associada à vacina. Já a VIP, por ser composta de vírus inativados, não apresenta esse risco, e os seus efeitos colaterais são geralmente leves: podem incluir dor ou vermelhidão no local da injeção, febre moderada, dor de cabeça ou dores no corpo, desaparecendo entre 24 a 48 horas.
Esquema de vacinação e cuidados pós-vacinação: As doses recomendadas da vacina contra poliomielite injetável devem ser:
– 2 meses: 1ª dose
– 4 meses: 2ª dose
– 6 meses: 3ª dose
– 15 meses: dose de reforço
“Após a vacinação, é comum que a criança apresente reações leves, como dor ou vermelhidão no local da injeção e febre moderada. Por isso, minha recomendação é manter a área da aplicação limpa e seca e observar se a criança apresenta qualquer reação adversa. Em caso de dúvidas ou reações intensas, os pais devem procurar orientação médica”, alerta Dr. Condino-Neto.
Sobre – Antonio Condino-Neto, MD, PhD, FAAAAI, FCIS, é Professor Sênior de Imunologia no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo, Diretor Médico da Clínica Alergológica (Campinas/SP), do Laboratório Immunogenic (São Paulo), e diretor do Centro Fundação Jeffrey Modell (São Paulo). Em paralelo, ele é Consultor Científico Sênior no Instituto Jô Clemente e no Instituto Pensi / Hospital Sabará. Seus principais interesses incluem: pesquisa translacional, ensaios clínicos e prática médica em Imunologia, Alergia e Imunodeficiências Primárias. Ele é presidente do Departamento de Imunologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, Diretor de Relações Internacionais da Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), e membro do Comitê de Imunodeficiências Primárias da American Association of Asthma, Allergy and Immunology. Ele é membro do conselho editorial do Journal of Clinical Immunology e do Journal of Allergy and Clinical Immunology. Ele é Editor Associado da Frontiers in Immunology / Primary Immunodeficiencies.
Dr. Condino-Neto é um dos especialistas responsáveis pelo Teste do Pezinho ampliado, que detecta mais de 50 imunodeficiências.
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