A Polícia Federal afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o presidente Jair Bolsonaro cometeu incitação ao crime ao associar a vacina contra a Covid-19 ao risco de desenvolver Aids.
A delegada Lorena Lima Nascimento, responsável pelo caso, pediu autorização do STF para indiciar Bolsonaro e o ajudante de ordens tenente Mauro Cid , que ajudou o presidente produzir o material divulgado na live.
Bolsonaro citou na live supostos relatórios oficiais do Reino Unido. Para a PF, o presidente “disseminou, de forma livre, voluntária e consciente, informações que não correspondiam ao texto original de sua fonte, provocando potencialmente alarma de perigo inexistente aos espectadores”.
A PF pede ainda que seja autorizada a tomada de depoimento de Bolsonaro.
Bolsonaro associou a vacina da Covid ao risco de desenvolver Aids, desistimulando pessoas a se vacinarem
Segundo a PF, o procedimento seguido por Bolsonaro é semelhante ao modelo de disseminação de fake news que tem se alastrado pelo mundo prejudicando instituições de Estado.
Esse sistema, diz a PF, envolveria as seguintes etapas:
Divulgação do conteúdo falso em grande volume e por vários canais da internet, criando uma sensação de grande quantidade de fontes;
Distribuição do material de forma rápida, contínua e repetitiva, focada na formação de uma primeira impressão duradoura no público. Essa impressão tem o objetivo de gerar familiaridade com a informação e, consequentemente, aceitação ;
Usar argumento sem compromisso com a verdade e sem consistência do discurso ao longo do tempo;
Se uma falsidade ou deturpação for exposta ou não for bem recebida, os propagandistas irão descartá-la e passar para uma nova explicação (embora não necessariamente mais plausível).
Segundo essas fontes, o ministro Alexandre de Moraes, responsável pelos processos de fake newsm não está disposto a assinar qualquer decisão que possa vir a ser lida como uma interferência indevida na disputa eleitoral – exceto em casos de absoluta urgência. O caso deverá ser analisado após as eleições