A Polícia Federal (PF) cumpriu na manhã desta quarta-feira, 3, um mandado de busca e apreensão na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro. A operação teve autorização do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Além disso, o líder do supremo autorizada a prisão do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Além dele, também houveram pedido de prisão para o policial militar Max Guilherme e do militar do Exército Sérgio Cordeiro, seguranças que atuaram na proteção de Bolsonaro durante o mandato presidencial.
O pedido atende a Operação Venire, que investiga uma associação criminosa acusada pelos crimes de inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.
De acordo com informações, Jair Bolsonaro não foi alvo de mandado de prisão, mas deve prestar depoimento ainda nesta quarta na Polícia Federal em Brasília.
A investigação
Segundo a PF, a investigação segue um grupo suspeito de inserir dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde para garantir a entrada de Bolsonaro, familiares e pessoas próximas nos Estados Unidos. Assim, burlando a regra de vacinação obrigatória. A inclusão dos dados falsos aconteceu entre novembro de 2021 e dezembro do ano passado.
Segundo a TV Globo e a GloboNews, teriam sido forjados os certificados de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro, da filha dela, Laura Bolsonaro, do ex-ajudante de ordens Mauro Cid Barbosa, além do da mulher e da filha dele.
Além disso, a PF investiga ainda outros membros da comitiva, como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. As condutas investigadas podem configurar, crimes de:
-infração de medida sanitária preventiva;
-associação criminosa;
-inserção de dados falsos em sistemas de informação;
-corrupção de menores.
De acordo com a Polícia Federal o objetivo do grupo seria “manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas” e “sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19”.
“Com isso, tais pessoas puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias vigentes imposta pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos). Dessa forma, ao todo, houve cumprimento de 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro.
O que diz o ex-presidente
Bolsonaro se pronunciou ainda na manhã desta quarta-feira, após a operação da Polícia Federal. No local, a PF apreendeu os cartões de vacina do ex-mandatário e de dua esposa, Michelle Bolsonaro, além dos celulares do casal.
“O objetivo da busca e apreensão na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro: cartão de vacina. O que eu tenho a dizer a vocês é: eu não tomei a vacina. Foi uma decisão pessoal minha, depois de ler a bula da Pfizer. O cartão de vacina da minha esposa também foi fotografado. Ela tomou a vacina nos Estados Unidos, da Janssen. E a minha filha Laura, de 12 anos, não tomou a vacina também. De resto, fico surpreso com a busca e apreensão com esse motivo, tá ok? Não tenho mais nada o que falar, conversem com meus advogados”, disse Bolsonaro em rápida fala à imprensa na saída de casa.
“Em momento nenhum eu falei que não tomei a vacina e tomei. Nunca me pediram o cartão de vacina para entrar nos EUA. Não existe adulteração da minha parte. Não tomei a vacina e nunca neguei isso. Meu celular foi levado e o da Michelle. O meu telefone não tem senha, não tenho nada a esconder, sobre nada”, disse.
De acordo com um dos advogados do ex-presidente em conversa com a imprensa, “não tivemos acesso ainda ao inquérito e vimos o que foi noticiado, de que se trata de uma questão de cartões de vacina. O presidente já explicou a situação dele e nós não temos maiores informações do porquê fizeram essa busca e apreensão, esse ato que considero arbitrário. Após termos acesso ao inquérito, nós daremos outras declarações”, pontuou o advogado.