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Pesquisadores de 25 instituições propõem ao Ministério da Saúde plano de combate à obesidade

Cláudia Moreno comenta a iniciativa do Fórum Intersetorial das Condições Crônicas não Transmissíveis e diz que a ideia é chamar a atenção para o caráter complexo da obesidade

VNo Brasil, a obesidade, considerada uma doença crônica, aumentou em 72% nos últimos treze anos – Foto: Artem Oleshko / 123RF

Em ofício encaminhado a autoridades do Ministério da Saúde, uma rede de 25 instituições, incluindo pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da USP, propõe ações urgentes para combater a epidemia de obesidade. O documento, encaminhado ao Ministério da Saúde, é uma iniciativa do Fórum Intersetorial de Condições Crônicas Não Transmissíveis. A professora Cláudia Moreno, do Departamento de Saúde e Sociedade da Faculdade de Saúde Pública da USP, faz parte da iniciativa e explica em detalhes a situação.

A professora explica que o principal motivo pelo qual a iniciativa tomou forma foi chamar atenção para o caráter complexo da obesidade. “A obesidade é uma doença que leva a condições que causam mortes prematuras. Doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral, hipertensão, doenças respiratórias. Essas doenças têm como fatores de risco comportamentos que são consideráveis modificáveis, portanto, é necessário chamar atenção para a questão” explica.

Claudia Moreno – Foto: Arquivo Pessoal

No Brasil, essa doença crônica aumentou em 72% nos últimos treze anos, chegando a atingir 20% dos brasileiros em 2019, segundo a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso). As projeções mostram que metade das crianças brasileiras sofrerá com o índice de massa corporal (IMC) excessivo até 2035. “É por isso que esse documento alerta para essa questão, para dar atenção aos fatores modificáveis: alimentação inadequada, sedentarismo, tabagismo, principalmente o que começa na infância e adolescência. É preciso evitar esses fatores já no início da vida do indivíduo. A partir disso, começar a promover de fato ações que inclusive já constituem diretrizes de portarias do próprio Ministério da Saúde”, elucida.

Maior cooperação

A especialista conta que o ofício encaminhado tem como proposta uma cooperação maior entre Secretarias estaduais e municipais de saúde com instâncias de controle da sociedade civil. “O documento não acrescenta novidades às diretrizes que já existem. Porém, ele chama atenção para essas diretrizes, pois elas não podem ser esquecidas. É um pouco o que está acontecendo. Existe uma discussão sobre a obesidade em que o tema se torna um tabu, porque obviamente existe um estereótipo e um preconceito. Isso é algo que precisa ser cuidado também. A discussão acaba girando em torno apenas do combate ao preconceito, mas a verdade é que é preciso fazer as duas coisas: é preciso não criar um estereótipo em relação à obesidade, conceitos negativos etc. Contudo, é preciso também combater a obesidade. É preciso colocar essas ações em prática e é preciso aumentar o número de equipes, mecanismos e assistências.”

Cláudia Moreno destaca ainda que o problema é uma tendência mundial. “A própria Organização Mundial da Saúde lançou um documento no ano passado em que de fato dá esse alerta. Ela conclama os países para que haja uma resposta mais eficiente no combate à obesidade em seu sistema de saúde. O que é essa resposta para o Brasil? É colocar essas ações em prática para redução dos fatores de risco que levam à obesidade. Essa redução deve ser feita por uma atuação intersetorial, é por isso que esse documento tem instituições, além do público, privadas, instituições não governamentais. Porque a ideia é justamente fazer um conjunto de entidades que possam atuar na implementação dessas ações para promover a saúde e reduzir a obesidade”, finaliza.

Fonte: Jornal da USP

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Jorge Roriz

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