Pesquisa relata o impacto da pandemia na saúde mental

A pandemia do novo coronavírus vem deixando um rastro visível de danos, apenas Ceará, já foram confirmados 7.493 óbitos pela doença. Fatores referentes à nova realidade podem afetar progressivamente a saúde mental e, segundo pesquisa realizada pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPG) da Universidade de Fortaleza (Unifor), os piores índices ocorrem entre pessoas que já tiveram a doença, aquelas que não são do grupo de risco, ou que moram com pessoas do grupo de risco, e também as que concordam com o isolamento social.

Ao todo, 2.705 brasileiros,  entre eles, 1.135 cearenses responderam um questionário durante o atual período de pandemia. Com as respostas, foram verificadas as possíveis correlações entre sintomas psiquiátricos e variáveis relacionadas ao contexto da Covid-19. De acordo com responsáveis pela pesquisa, pessoas que consomem menos informações ou têm menor capacidade de ajustamento e adaptação à realidade, à resolução de problemas e à interação com os desafios também apresentam piores índices de saúde mental. “Quem mora com quem é do grupo de risco, talvez a demanda ali de ajuda, apoio e suporte, e também o medo de contaminar essa pessoa pode facilitar esse adoecimento de saúde mental. As pessoas que estão em maior nível de isolamento, mais privadas da liberdade, estão mais adoecidas mentalmente”, pondera.

De acordo com Cynthia Melo, orientadora do Laboratório de Estudos e Práticas em Psicologia e Saúde da Unifor, a analise também auxiliou na identificação de quais aspectos favorecem a adesão às medidas de contenção do coronavírus, como o isolamento social e o uso de máscara. “A gente avaliou algumas variáveis, e tivemos dados muito interessantes. O primeiro: as pessoas que concordam com a Organização Mundial da Saúde (OMS) são as que têm alto nível de adesão (ao isolamento); pessoas que discordam do atual presidente da República também apresentam maior nível de adesão”, diz a coordenadora.

A aceitação das medidas de prevenção também está relacionada ao altruísmo e à empatia, segundo a pesquisadora. Ao se preocuparem não apenas consigo, mas com os demais, e colocando-se no lugar do próximo, é mais provável que adotem atitudes para evitar disseminação do vírus. A manutenção da rotina, com seus respectivos hábitos e horários, mesmo durante a quarentena, é considera extremamente importante para a saúde mental, conforme destaca a pesquisadora e psicóloga Cynthia Melo. Ela também reforça a disponibilidade dos atendimentos online de psicoterapia, para todos que sentem que precisam de ajuda.

 

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