Um estudo realizado no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC-UFPE) e em outros 20 centros de pesquisas em dez estados do Brasil comprovou a relação do uso de diurético com prevenção da hipertensão. O estudo multicêntrico “Prever”, teve a coordenação dos pesquisadores Sandra e Flávio Fuchs, do Hospital das Clínicas de Porto Alegre (HCPA).
Segundo a pesquisa, a combinação dos diuréticos clortalidona e amilorida reduziu em 44% os riscos de uma pessoa pré-hipertensa (com pressão arterial entre 12 por 8 e 13,9 por 8,9) desenvolver a doença (quando a pressão é superior a 14 por 9). No geral, o estudo acompanhou 1.800 pessoas, que foram divididas em dois grupos. Um deles foi medicado com a combinação de diuréticos (com metade da dosagem), enquanto o outro fez uso de placebo.
Fases do estudo– Em relação à prevenção, foi constatado que 44% das pessoas pré-hipertensas inseridas no agrupamento que usou os diuréticos não desenvolveram a hipertensão. “Os pacientes que utilizaram a combinação de diuréticos durante os 18 meses tiveram uma redução na pressão arterial de 2,3 mmHg, quando comparados aos que usaram a losartana (a droga mais prescrita para hipertensão no mundo).
É um resultado muito significativo e ainda prova que a losartana não se mostrou protetora em reduzir a perda de proteína (microalbuminuria) pelos rins do subgrupo de diabéticos do Estudo Prever”, alerta Hilton Chaves, professor de cardiologia da UFPE e coordenador da Clínica de Hipertensão do HC, que apresentou recentemente os resultados dessa pesquisa no Congresso Internacional de Cardiologia, em Dubai, no Emirados Árabes.
A segunda fase da pesquisa “Prever”, relativa ao tratamento, comprovou que, com a dose completa da combinação de diuréticos, os pacientes com hipertensão leve (de 14 por 9 até 14,9 até 9,9) tiveram a sua pressão reduzida num índice de melhora superior, quando comparado com os medicamentos Bloqueadores do Receptor da Angiotensina II (BRAs) prescritos em larga escala, como losartana, valsartana e candesartana, que atuam no controle da hipertensão e na proteção aos rins. Os preços da combinação de diuréticos são inferiores aos dos remédios BRAs.
Coração protegido– Inédito no mundo, o estudo chegou a outra conclusão importante: a diminuição da massa do coração, um indicativo da melhora do estado do órgão, constatada após o tratamento com a combinação de diuréticos. “Com a análise dos eletrocardiogramas no início e no final do estudo, percebemos a redução da massa do ventrículo esquerdo, o que é muito bom, pois mostra que o coração reagiu ao quadro de hipertensão”, explicou Chaves. Com a pressão alta, o órgão tem um aumento prejudicial de seu volume por causa do esforço desenvolvido para bombear o sangue.
Sobre a Ebserh– Estatal vinculada ao Ministério da Educação, a Ebserh administra atualmente 39 hospitais universitários federais. O objetivo é, em parceria com as universidades, aperfeiçoar os serviços de atendimento à população, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), e promover o ensino e a pesquisa nas unidades filiadas.
O órgão, criado em dezembro de 2011, também é responsável pela gestão do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), que contempla ações nas 50 unidades existentes no país, incluindo as não filiadas à Ebserh.