Pesquisa mostra potencial de carvão de coco na descontaminação da água

Símbolo da cultura praiana, 250 mililitros (ml) da água de coco, resultam, em média, em 1 quilo de lixo, formado pela casca do coco, que não é consumida.

E esse lixo leva de 10 a 15 anos para se decompor. Dessa forma, pesquisa da Universidade Federal Fluminense (UFF) buscou uma solução para esse resíduo, que não apenas evitasse sua inutilização e descarte em um aterro sanitário (ou na natureza) como também contribuísse para a despoluição da água consumida pela população.

Assim, em tese de doutorado, o pesquisador Bruno Salarini Peixoto, sob orientação da professora Marcela de Moraes, do Instituto de Química da UFF, desenvolveu uma técnica mais econômica e eficiente para transformar o coco verde em carvão magnético e também para usar esse produto como um descontaminante.

De acordo com Marcela de Moraes, o coco é inicialmente transformado em biocarvão através de sua queima. Posteriormente, ele passa por um processo de ativação e, por fim, são adicionadas nanopartículas magnéticas ao produto. Esse produto é capaz de adsorver, ou seja, é capaz de atrair para sua superfície, as substâncias contaminantes da água. E também, uma vez magnetizado, pode ser retirado da água (depois de adsorver os poluentes) através de imãs.

Ela explica que a retirada do carvão da água por magnetismo é mais barato do que o método da filtração.

Além disso, o biocarvão magnético tem uma importância ainda maior se for considerado o tipo de papel que ele pode ter na limpeza da água: a retirada de resíduos de medicamentos, inclusive de antibióticos, em estações de tratamento.

Segundo a pesquisadora, o carvão pode ser adicionado diretamente ao tanque de tratamento da água ou ser colocado na tubulação por onde a água passa depois de tratada pela estação.

“Nesse momento estamos avaliando a possibilidade de aprisionar o carvão e fazer com que a água passe através dele. Nós estamos prospectando patentear o processo de produção desse biocarvão e a próxima etapa seria entrar em contato com a estação de tratamento de água aqui de Niterói [município do Grande Rio de Janeiro, que é sede da UFF], para que a gente possa começar a aplicar o material”.

A pesquisa contou com financiamento do Fundo de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

 

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