Em novo estudo, cientistas podem ter encontrado a razão biológica pela qual temos mais doenças respiratórias no inverno. De acordo com a pesquisa, o próprio ar frio danifica a resposta imune que ocorre no nariz. Os resultados estão disponíveis na revista The Journal of Allergy and Clinical Immunology.
“Esta é a primeira vez que temos uma explicação biológica e molecular sobre um fator de nossa resposta imunológica inata, que parece ser limitada por temperaturas mais frias”, disse a doutora Zara Patel, professora de otorrinolaringologia e cirurgia de cabeça e pescoço na Escola de Medicina de Stanford, na Califórnia. Ela não participou do novo estudo.
De acordo com o estudo, reduzir a temperatura dentro do nariz em apenas 5ºC mata quase 50% dos bilhões de células que combatem os vírus e bactérias nas narinas.
“O ar frio está associado ao aumento da infecção viral porque você essencialmente perde metade de sua imunidade só por causa dessa pequena queda na temperatura”, explicou o doutor Benjamin Bleier, diretor de otorrinolaringologia da Massachusetts Eye and Ear e professor associado da Escola de Medicina de Harvard, em Boston.
Dessa forma, quando sob ataque, o nariz aumenta a produção de vesículas extracelulares em 160%, constatou o estudo. A pesquisa ainda mostra que as células do corpo também contêm um assassino viral chamado micro RNA, que ataca os germes invasores. No entanto, as EVs no nariz continham 13 vezes mais sequências de micro RNA do que as células normais, de acordo com o estudo.
Para descobrir isso, Bleier e sua equipe expuseram quatro participantes do estudo a 15 minutos de temperaturas de 4,4ºC e, em seguida, mediram as condições dentro de suas cavidades nasais.
“O que descobrimos é que, quando você é exposto ao ar frio, a temperatura no nariz pode cair em até 5 graus Celsius. Isso é o suficiente para basicamente acabar com as três vantagens imunológicas que o nariz tem”, explicitou Bleier.
Assim, no futuro, Bleier espera ver o desenvolvimento de medicamentos nasais tópicos baseados nessa descoberta científica.