Pesquisa indica 3,5 milhões de usuários de drogas ilícitas; governo rejeita dados

A Fundação Oswaldo Cruz realizou uma pesquisa com um custo de R$ 7 milhões, utilizando 300 pesquisadores, tendo adotado a metodologia da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar (Pnad) e concluiu que 3,5 milhões de brasileiros consumiram drogas ilícitas recentemente. ( na época da pesquisa).
Ainda segundo a pesquisa, 9,9% dos brasileiros relatam ter usado drogas ilícitas uma vez – 7,7% da população consumiu maconha, haxixe ou skank, 3,1%, cocaína, 2,8%, solventes e 0,9%, crack. Além de drogas ilícitas, o estudo mapeou o consumo de álcool: 16,5% dos participantes indicaram abusar na dosagem. Homens consumiam numa única ocasião cinco doses ou mais de bebidas; e mulheres, quatro doses ou mais. Concluído em 2017, o estudo permanecia inédito até o início desta semana.

O Ministério da Justiça considera a pesquisa imprecisa porque ela não permite comparar as pesquisas anteriores e também diz que a metodologia usada estava em desacordo com o estabelecido no edital do trabalho, o que a Fiocruz nega.

A Fiocruz afirma que a resistência começou a se formar no fim do governo de Michel Temer e se mantém no atual governo. A fundação sustenta que não só atendeu aos requisitos, como também entregou dados que não haviam sido requisitados.

O ministério um ofício para a presidência da Fiocruz, informando que vai solicitar a arbitragem da Câmara de Conciliação da Advocacia-Geral da União (AGU), que intermedeia conflitos entre órgãos públicos. A Fiocruz também vai recorrer ao Ministério Público para arbitragem.

O número identificado de uso de crack, de 208 mil pessoas, é menor do que o apontado por outro trabalho da fundação, que indicava 370 mil que consumiam a droga em cracolândias e outras cenas de uso em 2013. Para observadores, integrantes do governo ficaram desapontados com resultados e temiam que os indicadores pudessem desidratar o discurso sobre a “epidemia do crack”.

A maior parte dos usuários vivem em grupos que se formam para o consumo da droga. Seria muito mais fácil encontrá-los nesses locais do que em residências fixas. A pesquisa foi feita em residências.
Por contrato, a Fiocruz não teve permissão para divulgar os indicadores. Nesta semana, o teor da pesquisa foi divulgado pelo site The Intercept Brasil.
Batizado de 3.º Levantamento Nacional Domiciliar sobre o Uso de Drogas, o trabalho provocou uma crise entre o Ministério da Justiça e a Fiocruz. 

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