Um estudo inédito realizado por pesquisadores e estudantes de Pós-Graduação da Fiocruz Bahia, da Universidade Federal da Bahia e da Universidade de Emory (EUA) apontou que a larva do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya, pode se reproduzir em água suja.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores observaram no total de 122 bueiros, dos bairros de Brotas, Cabula, Piatã e Pituba, no período de março a julho de 2015, com o intuito de verificar com que frequência a água fica acumulada servindo como criadouro de mosquitos.
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Foram identificados espécimes de Aedes aegypti, tanto adultos quanto em suas fases larvais, em bueiros de dois dos quatro bairros, sendo mais comum nos bueiros que também continham larvas de outras espécies de mosquitos, como a muriçoca (pernilongo comum). A presença do Aedes aegypti também foi mais frequente nas inspeções precedidas por período de pouca chuva. O Aedes albopictus, outro mosquito que também pode transmitir arbovírus, foi encontrado em bueiros de um dos bairros pesquisados.
De acordo com os especialistas, os achados são de grande relevância por chamar atenção para a necessidade de reorientação nos programas de prevenção e controle de arboviroses, já que as principais ações assumem que os focos de reprodução dos mosquitos transmissores de dengue, zika e chikungunya encontram-se nas residências e não nos ambientes públicos. Os resultados da pesquisa foram relatados em artigo que acaba de ser aceito para publicação na Parasites & Vectors, a mais conceituada revista científica internacional especializada no tema.
A equipe de pesquisadores está trabalhando em parceria com o Centro de Controle de Zoonoses do município de Salvador com o objetivo de ampliar o estudo, para saber a extensão do problema em outras áreas da cidade. Os resultados também ensejaram discussões intersetoriais no município, com o intuito de planejar ações de combate à proliferação do Aedes nos bueiros.
Redação Saúde no Ar*
João Neto