Na missa celebrada neste domingo na Basílica de São Pedro no Vaticano, às 18h ( horário de Roma) com a presença de índios brasileiros, o papa Francisco abriu oficialmente o Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia.’ O fogo que destrói a Amazônia não é o do Evangelho’, afirmou o papa Francisco.
“Reacender o dom no fogo do Espírito é o oposto de deixar as coisas correr sem se fazer nada. E ser fiéis à novidade do Espírito é uma graça que devemos pedir na oração. Ele, que faz novas todas as coisas, nos dê a sua prudência audaciosa; inspire o nosso Sínodo a renovar os caminhos para a Igreja na Amazônia, para que não se apague o fogo da missão. O fogo de Deus, como no episódio da sarça ardente, arde mas não consome. É fogo de amor que ilumina, aquece e dá vida; não fogo que alastra e devora. Quando sem amor nem respeito se devoram povos e culturas, não é o fogo de Deus, mas do mundo. Contudo quantas vezes o dom de Deus foi, não oferecido, mas imposto! Quantas vezes houve colonização em vez de evangelização! Deus nos preserve da ganância dos novos colonialismos. O fogo ateado por interesses que destroem, como o que devastou recentemente a Amazônia, não é o do Evangelho. O fogo de Deus é calor que atrai e congrega em unidade. Alimenta-se com a partilha, não com os lucros. Pelo contrário, o fogo devorador alastra quando se quer fazer triunfar apenas as próprias ideias, formar o próprio grupo, queimar as diferenças para homogeneizar tudo e todos. Reacender o dom; receber a prudência audaciosa do Espírito, fiéis à sua novidade”, disse o papa.
O papa Francisco considerou que os dirigentes do mundo devem salvar a Amazônia, onde há muitos interesses em jogo, segundo uma entrevista publicada nesta sexta-feira pelo jornal italiano La Stampa.
A Amazônia, que abrange nove países da América do Sul, “é um lugar representativo e decisivo”, afirmou o papa.
“Junto com os oceanos, contribui determinantemente para a sobrevivência do planeta”, recordou o pontífice argentino, que convocou para outubro um sínodo de bispos sobre esse tema no Vaticano.
Francisco denunciou na entrevista os verdadeiros obstáculos que impedem a salvaguarda desse enorme território ameaçado pelo desmatamento, o agronegócio e a indústria madeireira.
“A ameaça da vida das populações e do território deriva de interesses econômicos e políticos dos setores dominantes da sociedade”, resumiu.
A reunião no Vaticano é como “um filho da Laudato si'”, detalhou o papa, ao se referir a uma de suas primeiras encíclicas sobre a defesa da natureza.
“Não é uma encíclica verde, é uma encíclica social, que se baseia em uma realidade ‘verde’, a custódia da Criação”, acrescentou.
Durante a conversa, o papa convidou os líderes políticos a eliminar “os próprios conluios e corrupções” para que se concentrem nesses temas.
“Devem ser assumidas responsabilidades concretas, por exemplo, sobre o tema das minas ao ar livre, que envenenam a água provocando tantas doenças”, afirmou Francisco, que alertou também sobre a “questão dos fertilizantes”.
Para o papa, “grande parte do oxigênio que respiramos vem de lá. É por isso que o desmatamento significa matar a humanidade”, acrescentou.
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