Infecções ósseas em atletas exigem cuidados intensivos e podem comprometer a carreira esportiva
O campeão dos meio-médios do UFC, Belal Muhammad, enfrentará um longo processo de recuperação devido a uma osteomielite — infecção óssea que atingiu um dedo do pé esquerdo e o afastou de sua primeira defesa de título.
Os ossos são geralmente bem protegidos de infecções. Entretanto, bactérias ou fungos podem atingir o tecido ósseo em caso de traumas físicos, feridas abertas contaminadas, cirurgias e, menos frequentemente, por meio de infecções disseminadas pela corrente sanguínea. “Em atletas, os principais fatores de risco para infecções de pele, partes moles e ossos incluem a prática de esportes que envolvem contato físico próximo e repetido com outros competidores, traumas físicos, abrasões abertas e o compartilhamento de equipamentos pessoais”, explica a Dr.a Sigrid De Sousa Santos, médica infectologista e diretora da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI)
Segundo a especialista, a osteomielite geralmente se apresenta inicialmente como um incômodo ou dor no local envolvido. Geralmente no local da infecção há sensibilidade, calor, vermelhidão e inchaço. Sintomas sistêmicos como febre, calafrios e mal-estar são pouco frequentes. Em geral, isso ocorre quando a infecção não se limita ao osso e afeta os tecidos vizinhos como pele, partes moles ou há associação com infecção disseminada no sangue.
Tratamento
As intervenções cirúrgicas são críticas para o tratamento. A punção óssea permite a coleta de material para confirmar o diagnóstico, determinar qual o micro-organismo responsável pela infecção, e qual o antibiótico ou antifúngico mais apropriado para tratá-la. “Às vezes também é necessário a remoção cirúrgica do tecido infectado, além do tempo prolongado de tratamento com antimicrobianos, para que possa haver cura. Na infecção crônica podem ser necessários meses de tratamento”, explica a especialista.
A osteomielite é uma doença que exige tratamento prolongado, com recuperação lenta e potencial impacto no desempenho e na qualidade de vida do atleta, podendo ainda deixar sequelas permanentes. Para prevenir infecções de pele, tecidos moles e ossos, é essencial manter a pele saudável, higienizar adequadamente as feridas, utilizar equipamentos de proteção e calçados limpos e apropriados para cada modalidade esportiva, além de monitorar rigorosamente qualquer lesão de pele ou trauma em atletas de alto rendimento.
Sobre a SPI: A Sociedade Paulista de Infectologia (SPI) foi criada em 1994 e reúne representantes das Faculdades de Medicina do Estado, Hospitais Universitários e grandes hospitais com Serviços de Infectologia. Seu propósito é promover a realização de eventos científicos voltados principalmente para infectologistas, o que tem sido alcançado por meio de diversos congressos e eventos. Atualmente, a SPI é a maior afiliada da Sociedade Brasileira de Infectologia, contando com cerca de 900 associados.