As Obras Sociais Irmã Dulce (OSID) acabaram de conquistar o Prêmio Rainha Letizia (Premio Reina Letizia), um dos mais importantes do mundo na área social, concedido pelo Ministério da Saúde, Serviços Sociais e Igualdade do Governo da Espanha a iniciativas na área de reabilitação de deficiências e inclusão social.
O projeto osidiano vencedor foi a Horta Educativa, iniciativa que visa promover a inclusão social e cidadania de jovens e adultos com deficiência, a partir de atividades ligadas ao cultivo agrícola, além de trabalhar a noção de conhecimentos sobre educação ambiental e alimentar, agroecologia, jardinagem e agricultura urbana.
O programa é voltado para moradores do Centro de Acolhimento à Pessoa com Deficiência João Paulo II (CAPD) e para pacientes do Centro Especializado em Reabilitação Irmã Dulce (CER IV), ambos núcleos da instituição fundada pelo Anjo Bom do Brasil. A cerimônia de premiação aconteceu na última sexta-feira (dia 08), no Palácio Real de El Pardo, em Madrid (Espanha), com a participação da rainha Letizia. A líder do CER IV, Rosinei Sousa, esteve no evento representando a família OSID.
O Prêmio Rainha Letizia de Reabilitação e Integração destina-se a reconhecer trabalhos continuados, realizados ao longo de um período não inferior a dez anos, de investigação técnico-científica no campo da reabilitação de pessoas com deficiência e integração com a sociedade, em países de língua espanhola e portuguesa (ibero-americanos). “Esse reconhecimento nos traz muita alegria e satisfação.
A Horta Educativa acontece há mais de duas décadas e envolve um empenho cotidiano, se fortalecendo como uma importante ferramenta na atenção às potencialidades das pessoas atendidas e na integração para a vida”, comemora Rosinei Sousa. A edição 2015 do prêmio contemplou também o Colegio Mayor Juan Luis Vives, gerido pela Universidade Autónoma de Madrid, por conta do projeto de acessibilidade e integração de estudantes com deficiência na comunidade universitária. Como premiação, cada instituição vencedora recebeu 25 mil euros.
“O programa exerce um papel terapêutico impressionante. Temos casos de usuários que viviam reclusos, isolados, dependentes ou eram agressivos, e depois das atividades se transformaram, passaram a interagir e socializar. É uma ferramenta multiplicadora real de inclusão”, destaca o coordenador do projeto, Jorge Nascimento, que se orgulha de estar à frente dessa ação pioneira desde o início. “A oficina surgiu da ideia de tornar os moradores com deficiência menos ociosos e buscar caminhos para a inclusão deles. Fizemos um trabalho de formiguinha, que foi crescendo pouco a pouco e trazendo cada vez melhores resultados e motivos para comemorar”.
A participação das famílias nas atividades realizadas também é destaque na Horta e tem como finalidade “favorecer a construção e o fortalecimento de vínculos familiares saudáveis, que auxiliem de forma construtiva no reconhecimento das potencialidades e limites de cada usuário”, salienta Rosinei Sousa. Dentro desse processo, as famílias são envolvidas nas rodas de conversa para o exercício da fala e da escuta, nas observações dos filhos enquanto executam as tarefas, organizam e consomem os lanches sozinhos e ainda participam de passeios, seminários e palestras.
A Horta Educativa foi criada há 22 anos como oficina terapêutica do Centro de Reabilitação e Prevenção de Deficiências (CRPD), núcleo da OSID que em 2013 foi desmembrado em Centro Especializado em Reabilitação (voltado para a comunidade) e Centro de Acolhimento à Pessoa com Deficiência (residência de moradores). Fundado em 1992, o CRPD sempre realizou um trabalho pautado na promoção do desenvolvimento, da inclusão social e da emancipação, com iniciativas como apoio à estimulação precoce, inclusão escolar, reinserção familiar e social, programa de atenção às famílias e diversas oficinas terapêuticas, como Artesanato, Dança, Capoeira, Esportes e Informática Educativa, além da Horta Educativa, iniciativas que até hoje continuam rendendo belos frutos.
Redação Saúde no Ar*
João Neto