Quase 12 anos após a primeira fase da Operação Leite Compensado, o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) deflagrou, nesta quarta-feira (11), a 13ª etapa da ação, visando combater fraudes na produção de laticínios. A operação resultou na prisão de cinco pessoas envolvidas em um esquema de adulteração de produtos lácteos em uma fábrica localizada em Taquara, no Vale do Paranhana.
Esquema de Adulteração
As investigações revelaram que a empresa Dielat adicionava substâncias nocivas, como soda cáustica e água oxigenada, em produtos como leite UHT, leite em pó e compostos lácteos. Essas substâncias eram utilizadas para mascarar a deterioração dos produtos, permitindo que itens vencidos ou estragados fossem reprocessados e comercializados, colocando em risco a saúde dos consumidores.
Prisões Efetuadas
Entre os detidos está Sérgio Alberto Seewald, conhecido como “Alquimista” ou “Mago do Leite”, químico industrial reincidente em práticas fraudulentas no setor. Seewald já havia sido investigado na quinta fase da operação, em 2014, por adulteração de leite em outra indústria no Vale do Taquari. Apesar de estar judicialmente proibido de atuar no setor, ele continuava operando clandestinamente, desenvolvendo fórmulas químicas sofisticadas para dificultar a detecção das fraudes.
Além de Seewald, foram presos preventivamente Antonio Ricardo Colombo Sader, sócio-proprietário da Dielat; Tales Bardo Laurindo, diretor da empresa; Gustavo Lauck, supervisor; e uma funcionária cujo nome não foi divulgado, detida em flagrante por tentar eliminar possíveis provas.
Distribuição dos Produtos Adulterados
Os produtos adulterados pela Dielat têm ampla distribuição no Brasil e são exportados para a Venezuela. Marcas como Mega Lac, Mega Milk, Tentação e Cootall, no mercado brasileiro, e Tigo, no mercado venezuelano, estão entre as comercializadas pela empresa. Além disso, ao menos sete cidades do Rio Grande do Sul receberam leite fornecido pela Dielat para a merenda escolar, incluindo Porto Alegre, Alvorada e Gravataí.
Medidas Adotadas
A operação mobilizou 110 agentes que cumpriram quatro mandados de prisão preventiva e 16 de busca e apreensão em empresas e residências nos municípios de Taquara, Parobé, Três Coroas, Imbé e São Paulo. As autoridades também solicitaram o recolhimento dos lotes de leite distribuídos pela Dielat nos estados do Rio Grande do Sul e São Paulo, visando proteger a saúde pública.
Posicionamento da Empresa
Em nota, a Dielat manifestou surpresa diante das suspeitas sobre a regularidade de sua atuação industrial e dos produtos comercializados, afirmando que interrompeu temporariamente as atividades até a conclusão das investigações.
Repercussão e Legado
A Operação Leite Compensado, iniciada em 2013, já revelou diversos esquemas de adulteração no setor lácteo, resultando em prisões e na implementação de medidas rigorosas de fiscalização e controle de qualidade. A 13ª fase da operação reforça o compromisso das autoridades em combater fraudes que colocam em risco a saúde dos consumidores e a integridade do mercado de laticínios.
As investigações continuam, e o MP-RS destaca a importância da colaboração da sociedade na denúncia de práticas ilícitas que comprometam a segurança alimentar.
Fontes: G1/ Correio Brasiliense