Segundo braço latino-americano da Organização Mundial da Saúde (OMS), “não há nenhuma evidência de que a imunidade de rebanho possa ter sido atingida em qualquer parte do Brasil”. A chamada imunidade de rebanho acontece quando o percentual de pessoas imunes ao vírus em uma dada população é tão alto que impede que a doença siga circulando. O anuncio foi feito pelo diretor do departamento de doenças contagiosas da Organização Pan-americana de Saúde (Opas), Marcos Espinal, durante entrevista a BBC News.
O biólogo Fernando Reinach em sua coluna levantou a possibilidade de cidades como São Paulo e Manaus estevam passando pela imunidade de rebanho como explicação para a redução sustentada de novos casos de Covid-19, as cidades que sofreram com surtos graves de coronavírus tem vivenciado momentos de reabertura e maior circulação de pessoas sem novos picos da doença. De acordo com Espinal, seria necessário que algo entre 50% e 80% da população tivesse desenvolvido anticorpos contra Covid-19 para que a possibilidade fosse aventada. Atualmente, a OMS trabalha com uma taxa de prevalência de anticorpos em cerca de 14% da população da capital do Amazonas e pouco mais de 3% em São Paulo. De acordo com os especialistas, os grandes centros urbanos, como São Paulo, associados à desigualdade social vista nas favelas e áreas mais vulneráveis transformaram a América Latina em ambiente ideal para a propagação do novo coronavírus.
Espinal questionou ainda o próprio conceito de imunidade de rebanho. “Os estudos mais recentes mostram que os anticorpos necessários para caracterizar imunidade de rebanho, aqueles que podem realmente destruir a doença, começam a desaparecer depois de três meses que a pessoa teve a infecção”, afirmou.