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O risco da 3ª guerra mundial entre EUA e a China

Fernando Alcoforado*
Este é o resumo do artigo de 7 páginas que tem por objetivo demonstrar o risco de eclosão da 3ª Guerra Mundial com as estratégias militares dos Estados Unidos e da China na luta pela hegemonia mundial. A confrontação militar com a China está em processo de preparação pelos Estados Unidos com a constituição do QUAD (Diálogo de Segurança Quadrilateral formado pelos Estados Unidos, Austrália, Japão e Índia) e da AUKUS (aliança militar tripartite formada pela Austrália, Reino Unido e Estados Unidos), enquanto a China adota medidas visando seu fortalecimento militar com o aumento constante dos seus gastos militares. A China vê o QUAD não apenas como um desafio à sua crescente hegemonia na região, mas também como uma ameaça à sua segurança e, junto com o AUKUS, uma tentativa camuflada dos Estados Unidos de montar uma OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) asiática em sua vizinhança.
Enquanto os Estados Unidos e seus aliados constituem a OTAN asiática com o QUAD e a AUKUS, a China ampliou consideravelmente seu poderio bélico, incluindo sua carteira de ogivas nucleares. Elevou seu número de porta-aviões e também de caças, tanques e outros veículos. Hoje, é o segundo país com mais gastos anuais em defesa, atrás somente dos Estados Unidos. O Exército Popular de Libertação (EPL) da China conta com o maior número de soldados, cerca de dois milhões de soldados, e a maior frota naval do mundo, com quase 360 navios, aspirando a se tornar uma força de combate totalmente modernizada até 2027. Para isso, está construindo dois novos porta-aviões, para se juntarem a outros dois já existentes, desenvolvendo foguetes de longo alcance e competindo com os Estados Unidos no terreno das armas do futuro, da tecnologia quântica a mísseis hipersônicos.
Manobras militares de China e Rússia são resposta à expansão da Otan asiática. As manobras militares China – Rússia são realizadas para abordar as ameaças à segurança marítima e preservar a paz e a estabilidade mundial. Estas operações aprofundarão ainda mais a associação estratégica integral de coordenação entre a China e a Rússia para a nova era. Ocorreu, também, a realização intensa de exercícios militares no Pacífico por parte da China, Rússia e Coreia do Norte. Foi a partir do ano 2000 que a Rússia resolveu desenvolver uma parceria estratégica com a China. A Organização da Cooperação de Xangai (Shanghai Cooperation Organization – SCO) foi criada em 2001 para estabelecer uma aliança entre a Rússia e a China em termos militares e de combate ao terrorismo, ao fundamentalismo religioso e ao separatismo na região da Ásia. A SCO é uma organização de cooperação política e militar que se propõe explicitamente ser um contrapeso aos Estados Unidos e às forças militares da OTAN.
Pode-se afirmar que, historicamente, o fim de uma potência hegemônica se consumou com vitória econômica e militar da nova detentora do poder mundial. Isto aconteceu com a Holanda quando superou econômica e militarmente a Espanha que se impôs como potência hegemônica do fim do Século XVI até a maior parte do Século XVIII.  O mesmo aconteceu com a Inglaterra que se impôs como potência hegemônica da segunda metade do Século XVIII até o início do Século XX suplantando econômica e militarmente a Holanda e depois de derrotar militarmente a França que ambicionava também a hegemonia mundial. Os Estados Unidos e a União Soviética alcançaram a condição de potências hegemônicas juntamente após a 2ª Guerra Mundial devido ao declínio econômico da Inglaterra e a vitória militar de ambos sobre a Alemanha nazista que aspirava a conquista da hegemonia mundial. De 1945 até 1989, o mundo foi estruturado com base em um sistema bipolar que durou quase meio século  de Guerra Fria sob o risco da eclosão de uma guerra nuclear que só não aconteceu porque houve o fim da União Soviética em 1989 após o qual os Estados Unidos exerceram sua hegemonia no mundo sem contestação até o início do século XXI.
Pela primeira vez na história, uma grande potência (Estados Unidos) assumiu a hegemonia mundial sem a necessidade de derrotar militarmente seu oponente (União Soviética). A partir do início do século XXI, a hegemonia mundial dos Estados Unidos passou a ser ameaçada pela China que surgiu como potência emergente e por uma Rússia revigorada econômica e militarmente.  A China, a segunda nação mais populosa do mundo, com o maior exército e a maior marinha do mundo se sente “encurralada” pelos Estados Unidos e seus aliados no Pacífico ocidental com a OTAN asiática (QUAD e AUKUS). Então, como chegamos a esse ponto? O mundo está se aproximando de um conflito catastrófico no Pacífico entre a China e os Estados Unidos e seus aliados? Embora as tensões tenham crescido muito agora e possam aparecer novos incidentes dentro desse conflito, ambos os lados — China e Estados Unidos — sabem que uma guerra no Pacífico seria catastrófica para todos. Apesar de saberem que uma guerra no Pacífico seria catastrófica, tudo indica que a indústria bélica norte-americana se empenhará no sentido de armar cada vez mais os Estados Unidos e seus aliados na Europa com a OTAN e na Ásia-Pacífico com a OTAN asiática, o QUAD e a AUKUS.
Não é por acaso que a indústria bélica norte-americana é a maior do mundo. Dos 10 maiores fabricantes de armas do mundo, seis são norte-americanas, sendo cinco delas líder da indústria bélica mundial. A produção recorde de armamentos, cada vez mais letais e cirúrgicos, necessita ser posta para funcionar na prática. Os Estados Unidos são os que têm o maior gasto militar do mundo (39% do total). Com 102 guerras em seu “currículo” belicoso, os Estados Unidos são, provavelmente, um dos países mais envolvidos em ações militares do mundo ao longo da história que começou com a anexação de terras do México a seu território e a conquista do canal do Panamá. Não é coincidência que os Estados Unidos sejam um dos países que mais se beneficiam economicamente de confrontos armados, já que as maiores exportadoras de armas do mundo são norte-americanas. Para além da venda de munição e armas, os Estados Unidos monetiza, também, com contratos de segurança e treinamento militar, o que faz com que muitos membros do Congresso estadunidense entendam as guerras como uma máquina de emprego e dinheiro para o país. A paz, para os Estados Unidos, poderia lhe custar muito caro.
O fim da hegemonia dos Estados Unidos na cena mundial e a ascensão da China poderão ocorrer como aconteceu durante a guerra fria entre Estados Unidos e União Soviética sem a China derrotar militarmente os Estados Unidos ou se repetirá o que ocorreu historicamente com o confronto militar entre as grandes potências e o desencadeamento da 3ª Guerra Mundial que poderia levar à extinção da espécie humana se as grandes potências utilizarem seus arsenais nucleares? O mais provável é que ocorra o cenário de confrontação militar a não ser que haja uma mobilização dos povos e países amantes da paz mundial que busquem evitar a eclosão da 3ª Guerra Mundial. Fica evidente que, enquanto houver indústria bélica no mundo, as guerras continuarão a proliferar em todo o planeta. A paz no mundo só acontecerá quando houver o desarmamento de todos os países e a cessação da fabricação de armas. Enquanto a indústria bélica norte-americana continuar ditando a política externa dos Estados Unidos, a guerra com a China é uma possibilidade concreta que pode se tornar inevitável.
Para assistir o vídeo, acessar o website https://www.youtube.com/watch?v=-5-BTubsBNk&t=5s
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