O racismo estrutural tem cor!
Quando olhamos além do vidro do carro nos trânsitos das capitais, quando olhamos além das redes sociais que fitam os nossos olhos nos smartphones, quando olhamos além das telenovelas, do marketing que devaneia os nossos desejos. Quando aprofundamos na estatística fria dos números, dos dados sociais, observamos o abismo social que estamos imersos e os profundos desafios para melhorar os índices de bem-estar social da população, especialmente a população preta e parda.
De caráter estrutural e sistêmico, a desigualdade racial no Brasil é inquestionável e persiste devido a fragilidade de políticas públicas para o seu enfrentamento. Os números nos revelam que o Brasil ainda está longe de ser uma democracia racial. Em média, os brancos têm os maiores salários, sofrem menos com o desemprego e são maioria entre os que frequentam o ensino superior. Já os indicadores socioeconômicos da população preta e parda, assim como os dos indígenas, costumam ser bem mais desvantajosos.
A seguir alguns números dessa estatística revelada pelo IBGE.
- Informalidade, baixos salários, pobreza. A população negra enfrenta os piores índices sociais no país. O resultado reflete a maior participação dos pretos e pardos em trabalhos característicos da informalidade, como, por exemplo, atividades agropecuárias, que tinha 62,7% de ocupados pretos ou pardos, construção, com 65,2%, e serviços domésticos, 66,6%
- Entre os que se declararam brancos, 3,4% eram extremamente pobres e 14,7% eram pobres, mas essas incidências mais que dobravam entre pretos e pardos.
- Condições precárias de moradia. O estudo mostra que 45,2 milhões de pessoas residiam em 14,2 milhões de domicílios com pelo menos uma de cinco inadequações – ausência de banheiro de uso exclusivo, paredes externas com materiais não duráveis, adensamento excessivo de moradores, ônus excessivo com aluguel e ausência de documento de propriedade. Desta população, 13,5 milhões eram de cor ou raça branca e 31,3 milhões pretos ou pardos.
Em outros artigos podemos encontrar outros dados do racismo estrutural
- 71,7% dos jovens fora da escola são negros, e apenas 27,3% deste são branco. O mesmo estudo demonstra a desigualdade de acesso à educação nos índices de analfabetismo. Em 2019, 3,6% das pessoas brancas de 15 anos ou mais eram analfabetas, enquanto entre as pessoas negras esse percentual chega a 8,9%.
- É indisfarçável que “há 53 milhões de pobres e, desses, 22 milhões são indigentes. 65% e 70%, respectivamente, desses pobres e indigentes são pessoas negras”. Podemos, portanto, dizer que no Brasil, mesmo com variações regionais, a pobreza e a miséria são predominantemente negras;
- Embora sejam mais de 45% da população total, os negros são 70% entre os 10% mais pobres e não passam de 16% entre os 10% mais ricos;
- 76,2% das pessoas assassinadas em 20220 no Brasil eram negras
Os negros estão em grande e injusta desvantagem quando avaliamos os dados sobre o desenvolvimento humano e a qualidade de vida – educação, saúde, moradia, emprego, renda, expectativa de vida.
As prioridades em políticas públicas para mitigar esse flagelo social são imprescindíveis, necessárias e urgentes.
Ezequiel Oliveira// ezequiel.fisico@gmail.com// whtasApp: 55 71 98759-6650
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Físico com mais de 20 anos de atuação em Física Médica. Mestre em Medicina e Saúde Humana – Faculdade Bahiana de Medicina. Formado em Física pela Universidade Federal da Bahia e Pós Graduado pelo Instituto Nacional do Câncer. Diretor Executivo do Saúde no Ar, Professor do município de Camaçari. Físico Especialista em Radioterapia, Medicina Nuclear credenciado a ABFM- Associação Brasileira de Física Médica e Supervisor de Radioproteção credenciado a CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear. Especialização fora do país: Sistema de Gerenciamento e Planejamento em Radioterapia, VARIAN SYSTEMS, Las Vegas, USA.