Estar em dia com a saúde mental é uma prática que pode ser alcançada em qualquer ambiente. Estudar, namorar, sair com amigos, escutar música – todas são atividades terapêuticas que contribuem para o bem-estar do ser humano. No próximo dia 10 de outubro é celebrado o Dia Mundial da Saúde Mental e a informação é a principal ferramenta para desmitificar preconceitos tão comuns nessa área.
“No imaginário social, problemas de saúde mental geralmente são associados à figura de uma pessoa completamente desorientada. Mas essa imagem não diz respeito à realidade. Por acreditar nisso, e obviamente por não querer ser identificado como essa figura que perdeu a lucidez, a sociedade de uma forma geral cuida muito pouco da sua saúde mental e não entende que ela é um campo que atravessa todas as dimensões sociais”, relata o psicólogo e professor da UNIFACS, Bruno Vivas.
O especialista relata que os transtornos costumam refletir a época em que se vive. Hoje, a depressão e a ansiedade são os principais fenômenos psicopatológicos que afligem as pessoas. A primeira se manifesta em uma sociedade que não tem o direito de ficar triste, enquanto o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) é reflexo de uma vida em constante movimento, em que não existe tempo para o descanso. Além destas, existem outras doenças que também são comuns, mas que nem sempre são difundidas. Conheça um pouco mais sobre algumas delas.
Bipolaridade
Também conhecida como transtorno maníaco-depressivo, a bipolaridade se expressa por episódios de mania e de depressão. Na mania, a pessoa pode ter delírios de grandeza, acompanhados de uma fala constante e pensamentos acelerados. Já a depressão, que pode se manifestar de forma mais leve ou intensa, se caracteriza por sintomas como tristeza profunda, apatia, irritabilidade, insônia ou excesso de sono durante um período maior que 3 a 6 meses. A bipolaridade não tem cura e pode se estabilizar através de tratamento psicoterapêutico aliado ao acompanhamento psiquiátrico, com indicação de medicamentos estabilizadores de humor.
Esquizofrenia
A esquizofrenia é um transtorno de personalidade na qual a pessoa não consegue ter uma percepção precisa de si, da vida e da realidade como tinha antes. Entre os sintomas estão as alucinações, que se manifestam de forma visual, tátil, auditiva e olfativa, uma certa falta de lógica no discurso e a sensação de estar sendo perseguido. Além disso, a pessoa diagnosticada com a doença tem uma relação apática com a vida – a energia vital que ela antes colocava no mundo, está agora voltada pra si. A sua autoimagem também começa a ficar distorcida, o que faz com que ela tenha dificuldade de se diferenciar do outro, e por não conseguir mais se enxergar no mundo, começa a se isolar e a não cuidar mais da aparência.
“Como todo transtorno psiquiátrico, é difícil determinar as causas da esquizofrenia. Uma vez que acontece o surto, ele pode ser controlado, mas a pessoa não volta mais a ser quem era antes. O tratamento é psicoterápico e psiquiátrico, com o uso de antipsicóticos.”, relata o psicólogo.
Transtorno Obsessivo Compulsivo – TOC
Com o TOC, a pessoa é invadida por pensamentos que levam a um desconforto e a um nível de ansiedade muito grandes, que só cessam quando ela realiza rituais, que são as compulsões. É comum o indivíduo acreditar que o pai pode morrer, por exemplo, se ele não checar determinadas vezes se a porta está trancada.
“O transtorno tem muitos níveis. Se por um lado a sua manifestação é patológica, por outro a sociedade se organiza por rituais. A ciência, a amizade, o namoro, todas estas situações têm rituais, por isso encontramos um pouco de TOC também no sujeito sadio, o que coloca um grau de imprecisão nas definições do que diz respeito ao campo da saúde mental e seus transtornos”, explica o professor Bruno.
O especialista conclui citando o exemplo do conto O Alienista, de Machado de Assis. “O ensinamento que fica é que os erros, os equívocos e as más posturas não são necessariamente sinais de transtornos. A tristeza, por exemplo, é uma condição humana e sentir isso também é saudável. E quando se fala de saúde mental é importante desmistificar a ideia do louco. A sociedade também é responsável por isso, por não organizar iniciativas que favoreçam a inclusão da diversidade”, finaliza Bruno.