Os principais desafios da educação médica
Com o isolamento social imposto pela pandemia, as universidades, independente da fluência em TI, tiveram que se adaptar – como todo o mercado – e adotar um novo modelo de ensino: o EAD. Mas como manter o engajamento dos alunos neste novo processo de aprendizagem e propiciar a própria retenção do conhecimento? Em especial, levando em consideração a diferença de perfis de alunos, classes sociais, níveis de familiaridade com a tecnologia e os graus de maturidade das universidades no que tange o uso destas ferramentas.
É fato que, antes mesmo da pandemia, muitas universidades de medicina vinham apostando em metodologias ativas de ensino, para garantir a formação de profissionais capacitados e mais independentes. De certa forma, estes métodos possibilitam, por exemplo, a montagem de grupos de estudo e de salas invertidas; que tem como papel estimular os alunos a buscarem conhecimento espontaneamente e não aguardar apenas as informações trazidas pelos professores durante o período de aula.
Mesmo com esta atualização por parte das instituições, nada se compara à transformação gerada por este novo cenário. A mudança cultural e de espaço, bem como a inclusão de um ambiente 100% digital, desencadearam incertezas sobre o futuro acadêmico para a maioria dos alunos; agravadas pelo cancelamento temporário e emergencial das atividades práticas daqueles que cursam os primeiros ciclos da graduação.
Claro que o cenário abrupto abriu os olhos de toda a comunidade acadêmica para a necessidade de investimentos em tecnologia. Em um momento inicial, a ideia era dar continuidade ao processo de formação dos alunos, em diferentes estágios do curso; não só para não atrasar seus estudos, mas também prepará-los para atuação imediata.
O papel da tecnologia no ensino médico
No entanto, o que foi feito é um grande passo para novas possibilidades e para a evolução da educação médica quando o cenário estiver mais próximo da normalidade. Em algumas instituições, as aulas online, além de mais interativas; ganharam o reforço de plataformas mais atualizadas e condizentes com a realidade dos estudantes e com as necessidades de cada universidade; que poderão ser utilizadas para melhorar a infraestrutura e expandir as formas de ensino, mesmo em um cenário pós-pandemia.
Além disso, para os alunos em ciclos mais avançados, em que os atendimentos em hospitais e postos de saúde fazem parte da realidade e do dia a dia; o desafio era outro: Como ter acesso a conteúdos médicos confiáveis e de qualidade; enfrentando ora a carência de orientações e, em um segundo momento, um volume avassalador de informações; muitas delas sem embasamento científico – que surgiam e mudavam a todo momento?
Este novo contexto exigiu um forte crivo sobre as diretrizes mais atualizadas a serem seguidas. Primeiro, para preparar o corpo docente para que ele pudesse transferir esse conhecimento para os alunos. Segundo, para dar suporte a estes estudantes no momento de tomada de decisões importantes.
O paradigma da medicina baseada em evidências é bem reconhecido pela classe médica, mas é relativamente recente e ainda está em evolução. No entanto, já se percebe uma mudança interessante no sentido de usar as tecnologias como validação científica.
Neste momento, os recursos de suporte à decisão clínica tornaram-se um dos pilares para auxiliar o trabalho desenvolvido pela área médica e garantir a efetividade clínica. As evidências assumiram um papel fundamental em um momento delicado.
Com o passar do tempo, o cenário pandêmico tende a se aproximar do fim em diversas partes do mundo. No entanto, as consequências e o impacto tecnológico gerados neste momento devem permanecer como um forte aliado para o futuro da evolução do ensino médico nas universidades.
Marcelo Lancerotti é Country Manager da unidade de Efetividade Clínica da Wolters Kluwer, Health no Brasil via Redação