O homem do braço de lata

O cearense José Arivelton Ribeiro é um homem que não se dobra ao destino: há cerca de dois anos e meio, ele subiu na laje de sua oficina, na tentativa de solucionar uma queda de energia no local. Acabou tocando em uma antena e sofreu uma violenta descarga elétrica.

Segundo sua mãe, Maria do Socorro, foi internado em estado grave e durante a internação sentia muita dor com o processo de necrose no braço direito. Com medo de morrer, pediu aos médicos que o amputassem.

Surdo de nascença, José Ari terminou o ensino médio e desenvolveu a linguagem de sinais, aprendendo com o pai, na oficina da família, o ofício de consertar eletrônicos.

Para o irmão, José Rusivelton, Ari, chamado pela imprensa local de o Homem de Lata cearense, na imprensa local após virar notícia na TVJangadeiros/ filial da Bandeirantes, sempre foi “inventor”. “Desde criança ele é assim. Enquanto eu brincava, ele gostava de ficar inventando coisa, fazendo réplica de carro, de navio de avião”, conta.Sua história se difundiu ainda mais após reportagem do jornal Tribuna do Ceará.

José Ari, que é viúvo, mora junto com a mãe, o irmão e a filha Sara numa casa humilde. Se comunica com eles através da linguagem de sinais, mas de acordo com a família, ele é completamente independente. Conforme Rusivelton, “quando não tem gente em casa, ele se vira. Ele não gosta que ninguém fique atrás dele, querendo ajudar”.

Foi para poder “se virar” que depois de fazer pesquisas na internet, Ari resolveu construir um braço mecânico, o que conseguiu em um ano e dois meses de tentativas. A prótese pesa 5kg e foi feita peça por peça com sucata, parafusos, ligas de borrachas, panelas velhas e até cabos de freio de bicicleta.

Para construir seu braço ele se baseou no braço do irmão e para usá-lo ele utiliza uma meia no braço para se proteger de possíveis ferimentos. Os movimentos do “braço de lata” foram fundamentados nos ligamentos de um braço de verdade. O sistema é aparentemente simples. Para mexer os dedos, José Ari movimenta os ombros. Se alonga os ombros, a mão abre. Se curva os ombros, a mão fecha. É dessa forma, que ele consegue desenvolver atividades simples, como cortar pão, pegar uma chave e até dirigir seu próprio carro.

Essa não é a sua primeira prótese. Ele já havia feito outra antes, mas não tão desenvolvida. Funcionava como uma espécie de gancho. “Meu irmão nasceu assim e sempre foi difícil prá ele conseguir interagir com a sociedade, mas ele sempre deu um jeito. Eu o uso como uma motivação todos os dias, ele é quem me coloca prá frente”, finaliza.

Na maior parte do tempo, José Ari consegue levar uma vida normal. Trabalha, faz qualquer tarefa doméstica e ainda encontra uma maneira para jogar vídeo-game. Além do braço, ele cria outros artefatos, como um abajur, feito com garrafas de bebidas alcoólicas encontradas nas ruas. Um belo invento, mas nada como o incrível braço de lata.

A.V

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